Sunday, December 16, 2007

Caí na real

Não está dando nada certo este esquema que eu inventei. Ler blogs só fora da empresa, no tempo livre? Que tempo livre? E pior, quando finalmente consigo uma brecha na correria rotineira, tenho que colocar em dia mais de uma semana de atualizações de todos os blogs que eu leio. Pfff! Não dá. Vou precisar pensar em outra fórmula (embora eu saiba que não há outra).


E escrever? Tanta coisa acontecendo aqui. Quero contar para vocês, voltar a interagir todos os dias, deixar que dêem palpite... Sinto saudades, acreditam? Pois.


Acho que todo mundo devia ter o direito de acordar de manhã, sentar-se para tomar o café olhando o jardim e depois fazer algo que lhe desse prazer - no meu caso, ler/escrever - antes de sair para o trabalho. Virou moda chamar isso de qualidade de vida. Juro que não sei do que se trata. Mitologia, ficção. Qualidade de vida devem ter duendes e fadas, não é?



Sunday, November 04, 2007

Nota da Redação

Eu não acesso, leio, comento ou escrevo mais blogs no trabalho. Não que fazer isso antes atrapalhasse o meu trabalho. É só uma questão de cuidado mesmo. Não quero misturar alhos com bugalhos, ou trabalho com diversão. Não fazia sentido que eu, que zelo tanto pela minha privacidade, continuasse deixando descoberto um flanco para todo o pessoal de TI da empresa.

Comprei um computador para uso exclusivo meu aqui em casa. Como eu consegui compartilhar uma máquina com meu irmão por todos esses anos me parece, agora, um mistério a ser investigado pela ciência. Ele é computer geek total e, a cada vez que eu ligava o PC, descobria que ele havia mudado alguma coisa de hardware ou movido arquivos e programas para cantos inescrutáveis. Era de torrar a paciência de qualquer santo, imagine o que acontecia comigo, que não tenho paciência nenhuma.

Com a compra do meu computador, evidenciou-se um outro problema: eu quase não tenho tempo livre que coincida com momentos de privacidade (condição sine qua non para alguém que pretende escrever um blog secretamente).

Então ficamos assim, caros amigos (vocês bem sabem quem são): a lê-los, continuarei, podem estar certos. Quanto a comentar ou escrever, fica para quando der. Se der.

Inspira, expira

Quando parece que finalmente terei a chance de começar a estagiar na clínica, me dá um medo louco. Tanta coisa nova a aprender, tantas decisões a tomar, tantas escolhas a fazer!

Ainda não está nada certo e, confirmando-se a aprovação no processo de seleção, terei que respirar bem fundo, entrar na sala de Mr. President e negociar mudanças no meu horário de trabalho. Lembrando das aulas de terapia cognitivo-comportamental – a linha da Psicologia que menos faz sentido para mim – eu fico aqui tentando evitar pensamentos disfuncionais e procurando lembrar que o máximo que pode acontecer é ele me dar um sonoro NÃO no meio da cara. A técnica, no entanto, não está se mostrando nada eficaz, confesso.

Thursday, September 13, 2007

Leia o livro, veja o filme e ouça o livro

I wonder who first discovered the efficacy of poetry in driving away love!

I have been used to consider poetry as the food of love, said Darcy.

Of a fine, stout, healthy love it may. Everything nourishes what is strong already. But if it be only a slight, thin sort of inclination, I am convinced that one good sonnet will starve it entirely away…

Jane Austen em Pride and Prejudice



Pois é, as coincidências. Preciso dizer o quanto eu ri ao ouvir isso logo após escrever aquele texto sobre o fatídico poema?

Pela primeira vez, estou ouvindo um audiolivro*. Não por acaso, escolhi um que já havia lido antes. Não vou discorrer novamente sobre o meu apego às obras da Jane Austen, dona de um imenso talento para expor o ridículo da sua época com a mais fina ironia. Venho ouvindo no carro e gargalhando muito enquanto os outros motoristas ficam me olhando como se eu fosse doida. A história, embora nada inédita para mim, é tão divertida!

Empolgada com a novidade, cheguei a procurar audiolivros brasileiros, mas, pelo jeito, são horríveis. O narrador da obra cujo trecho eu ouvi é artificial e pomposo. Não sei se é assim para outros livros (não tive paciência de ouvir outros), mas acredito que ficarei restrita à minha primeira e única aquisição.


*áudio-livro?

Tuesday, September 11, 2007

Alguém tem coragem de verbalizar

"Os homens nunca se apaixonam perdidamente. Já as mulheres se apaixonam de uma forma que dá até pena."



Talvez não com essas exatas palavras, mas o Manoel Carlos disse isso no Fantástico domingo. Verdade cruel. Adorei.

Wednesday, September 05, 2007

"Canta, ó, musa, a ira de Aquiles!"

Não satisfeito em me chamar de “mozinho”, meu caro colega me mandou um e-mail com um anexo. O tal anexo, dizia o texto do e-mail, era uma "poesia" que ele havia escrito para mim.

Medo. Oremos.

Evitei abrir o anexo; na verdade, queria deletar tudo sem ler. Aquilo que virou moda chamar de vergonha alheia tomou de mim em antecipação ao que meus olhos estavam por encontrar. Mas não podia simplesmente fazer isso, pois sabia que ele ia me interpelar na faculdade hoje sobre o assunto. Porque as pessoas, vocês sabem, não têm simancol. E são ousadas. Elas sabem que eu sou formada em Letras. Elas sabem que eu sou terrivelmente crítica, até comigo mesma. E, mesmo assim, elas me escrevem poemas, que chamam candidamente de poesias.

Isso acontece comigo desde os treze anos e é um fenômeno inexplicável. Se eu fosse linda, ou gostosona, ou simpática, vá lá. Mas eu não sou. A única explicação plausível é que exista uma lei da Física que Newton não formulou: “A capacidade de atrair pessoas que escrevam poemas em sua homenagem é diretamente proporcional à sua aversão pelo fenômeno.”

Mas, voltando...

Contrariada, abri o anexo. Era praticamente uma ode à minha “beleza”. Uma ode bem ruim. Escrevi um agradecimento meio seco e enviei. Dizem que, para bom entendedor, meia palavra basta. Espero sinceramente que isso seja verdade.

Já disse e repito: artistas (bons ou ruins): não quero as suas sensibilidades e sutilezas por perto. A poesia que me interessa eu mesma procuro. Em matéria de amor, a experiência me mostra que só os homens práticos, cartesianos me fazem feliz.

Friday, August 31, 2007

Malcriada

Depois que se separou da mulher, um colega de faculdade mais próximo – mas não tão próximo assim – me veio com essa de me chamar de “amorzinho”, nem isso, “mozinho”, ele diz quando me telefona por algum motivo qualquer. Eu, nada afeita a esse tipo de tratamento, penso cá com meus botões, tal e qual aquele personagem malvado de Cidade de Deus: “Mozinho é o ... Meu nome é Zé Pequeno.”

Questão de química

O fim de semana é o meu Prozac.

Wednesday, August 22, 2007

Flaming June, Frederick Leighton

Sem explicação

O problema reside em: meu tempo não é meu.

Meu tempo é da empresa para a qual trabalho. Meu tempo é da faculdade. Meu tempo é da minha família. Às vezes, meu tempo é dos meus amigos. Mas meu, que é bom, meu tempo não é.

Mentira, às vezes, ele é meu, mas, quando isso ocorre, eu descubro que não sei usar, tal e qual acontece com quem compra um eletrônico sofisticado e só sabe apertar Power, Play, Stop e Pause, qualquer outra função para sempre esquecida no manual não lido.

Obrigação. Lazer. O tédio se insinua em cada ranhura dos meus dias. Não é tristeza, compreendam, é só fastio. Nem chego realmente a me importar. Há momentos em que, como quem acorda de um longo sono, ainda meio letárgica, tenho breves momentos de inquietação e me pergunto se a vida é só isso mesmo, sound and fury, blá, blá, blá.

Meu tempo passa cada vez mais rápido. De segunda a sexta. De sexta a domingo – para onde vão todos os fins de semana? Já procurei entre as páginas dos livros, nas dobras das cobertas, nos quilômetros marcados no odômetro do carro. Não acho.

O supermercado, o almoço de domingo, o cinema. Toda a estranheza do mundo está em mim e ainda sorrio.

Decerto é chegada a hora de ler o manual.

Thursday, August 02, 2007

Resumindo:

Tudo
muito
chato.

Thursday, July 26, 2007

"A gente quer inteiro, e não pela metade"

Em tempos de Pan, muito se fala sobre a importância do esporte para a inclusão social e a conquista da cidadania de crianças pobres. Já tive grandes discussões sobre isso com uma pessoa diretamente ligada à política pública de esportes. Não há dúvida de que é muito melhor que uma criança esteja numa Vila Olímpica praticando esportes do que no meio da rua aprendendo a cometer delitos; não obstante, é óbvio que a prioridade não deve ser essa.


Uma justificativa? Dou um exemplo: ontem duas atletas adolescentes provenientes de comunidades carentes deram entrevista ao vivo em um telejornal. As meninas eram medalhistas, mas não sabiam articular os pensamentos mais simples, ficavam perdidas e repetiam as mesmas frases vazias duas, três vezes. Fiquei constrangida por elas.


Isso é dar cidadania? Passados os anos de glória no esporte, o que vai lhes sobrar? Que lugar vão ocupar na escala social e profissional? Vão viver os resto da vida com um salário mínimo por mês, comendo mal, sem acesso à saúde, tendo dez filhos, que, por sua vez, poderão ou não ter a mesma "sorte" e possuir um talento natural para uma passagem gloriosa - porém breve - pelo esporte?


Que ninguém venha me falar de esporte como se fosse o caminho para dar às pessoas uma vida melhor. Por favor, dêem-lhes escola de qualidade e, com isso, o que mais lhes convier - esporte, dança, arte... O povo agradece.


Monday, July 23, 2007

A batata frita e o tomatinho-cereja

Ontem, no restaurante, uma das minhas primas* deu batata frita ao pequeno príncipe. Ele tem um ano e dois meses e nunca havia comido fritura de qualquer espécie. O que me deixou passada é que ela nem consultou a mãe da criança. Foi dando aquilo a ele e achando muito divertido que ele largasse o tomatinho-cereja, que ele adora, para comer aquela gordurada. E não foi umazinha, não. Foi entregando a ele vários palitinhos fritos, um atrás do outro.

Não é que eu ache que ele vai passar a vida inteira só comendo coisa saudável. Não sou Poliana. Mas acho que se pode esperar que o menino manifeste o desejo de comer porcaria; ninguém precisa incentivar. No parquinho, por exemplo, ele gosta de "comer" seixos e areia. O que é que se vai fazer, além de vigiar? Nada, né. É só dizer Não come, que isso faz mal. Ele vai olhar para o lado e perceber que ninguém come pedra e terra. Mas batata frita? Como convencer que aquilo não presta?

*Uma daquelas minhas primas de que já falei aqui, que dizem ter "tendência para engordar", mas que só comem porcaria.

Friday, July 20, 2007

Férias sem grandes momentos

Coisa boa é poder dormir até as oito, sem o maldito despertador tocando Bach às seis e meia da madrugada. Férias nem precisam ser as mais excitantes do planeta; só de não ter que ir a ou pensar em trabalho, minhas idéias ficam leves e soltas.

Estou um pouco decepcionada. Entre as minhas queridas amigas blogueiras, não existe uma carioca que me indique um spa urbano! Assim fica difícil exercitar meu lado mulherzinha fútil, que eu nem sei se existe.

Descobri que sou uma grande mentirosa. Não lhes disse que não estava nem aí para o PAN? Mentira! Abstraindo o fato de que odeio a idéia de ser no Rio, não perco nenhuma trasmissão pela TV e devo confessar um certo arrependimento por não ter comprado ingressos para algumas competições.

Devo ir a São Paulo na próxima semana. As pessoas me olham horrizadas quando digo isso. Não entendem. Ir a São Paulo nas férias! Ô, gente, preciso colocar minha vidinha cultural em dia: o Museu da Língua Portuguesa, essas pequenas delícias sem glamour. E de ônibus, por razões óbvias. Nunca viajei de ônibus, acreditam? Devo ser um ET.

E por que as minhas férias têm sido, invariavelmente, sem grandes viagens? O plano imobiliário, lembram-se? A poupancinha cresce a olhos vistos. E aí me pego querendo um imóvel cada vez mais caro, o que me faz me perguntar se desejo realmente morar sozinha ou se estou insegura e prefiro ficar adiando. Uma mulher véia com essas nóias! Isso é uma ver-go-nha!

Thursday, July 12, 2007

A música do PAN

Quem organizou essa cerimônia de abertura do Pan? Ouvi hoje no rádio que serão o Arnaldo Antunes e uma tal de Ana Costa (who the hell...?) os cantores responsáveis pelo show de amanhã. Eu adoro o Arnaldo Antunes, mas convenhamos: ele não me parece ter perfil para abertura de Jogos Pan-americanos. Não seria mais adequado algum artista mais alegre e empolgante? E essa obscura aparição feminina?

Sinceramente, essa eu quero ver.

Wednesday, July 11, 2007

Declinar de meme é muito feio

Eu sei, Ana, e não ignorei ou esqueci, mas estava naquele período imediatamente anterior às provas finais, ou seja, estava doida demais para falar de livros. Pois bem, agora vai, embora eu bem saiba que ninguém está mais interessado.

Lembram daquele livro usado e nojento que eu comprei? Era A Hora de Cinqüenta Minutos, de Robert Lindner, escrito em 1952. Consegui ler. Nele o autor, que era psicanalista, narra cinco casos que passaram por seu consultório, preservando, obviamente, a identidade dos clientes. Para quem gosta de psicanálise é interessantíssimo. Talvez até para quem não gosta. A narrativa se divide em cinco capítulos, um dedicado a cada caso, e flui como uma obra de ficção, com ganchos de suspense até o fechamento de cada história. Particularmente, me serviu como um pequeno teste. Ia diagnosticando os sintomas e, ao final, checava se minhas habilidades estão sendo aprimoradas na universidade. De fato, estão. Rorrô!

Divergindo do discurso usual de profissionais da área, Lindner expõe com franqueza as suas inseguranças, as suas insatisfações e os seus erros em cada caso. Só isso já vale a leitura. O único inconveniente é aquele que já contei aqui: não existem exemplares novos para comprar. Se você gosta de livro velho – ou seja, poeira e mofo, na melhor das hipóteses, ou respingo de poça de lama, como no caso do exemplar que eu consegui num sebo –, recomendo a leitura. Se não, nem precisa fazer o sacrifício, porque o livro, apesar de ser de leitura agradável, não é nenhuma obra-prima.

Minhas neuroses e minhas frescuras

Contando os dias, as horas, os minutos e os segundos até chegarem as benditas dezoito horas de sexta-feira. Férias, até que enfim. Duas semaninhas de refresco mental. Ando a mil, meu estresse deve estar batendo níveis altíssimos e, quando estou assim, todas as contrariedades adquirem proporções irreais e exageradas. Esse PAN, por exemplo. Eu fico presa em engarrafamentos enquanto uma faixa do trânsito fica livre, reservada para veículos autorizados. Não acho graça nenhuma, não estou nem aí para esse evento. Cidade maquiada, polícia maquiada, poeira jogada para baixo do tapete. Tanta prioridade deixada de lado para isso. Dá até nojo.

Para deixar meu mau humor de lado, eu só quero um dia inteiro de relaxamento num desses spas urbanos, com massagens, banhos disso e daquilo – alguém me recomenda algum?

Monday, July 09, 2007

"Qual a paz que eu não quero conservar para tentar ser feliz?"

Perguntinha boba, mas se eu paro para pensar...

Comecei a semana sabendo que ia ter que fazer um monte de coisas insuportáveis. Tudo por conta de agradar. Agradar família, agradar amigo, agradar empresa. Eu fico muito frustrada. Não, mentira, frustrada não transmite “a” idéia. Eu fico é de saco cheio. Se vocês soubessem quantas concessões eu faço pelos outros. Enfrento furadas que não faço nem por mim mesma. Só que vou fazendo, em geral, sem me dar conta. Mas, às vezes, calha de acumular um monte situações absurdas em poucos dias. Que raiva! Fico pensando se as pessoas têm idéia do que impingem às outras com seus pequenos caprichos. Aposto que nem se tocam. Eu tomo um cuidado extremo para não ser espaçosa e não exigir que compartilhem as minhas visões de mundo e as minhas chatices. E não é que eu faça o gênero boazinha, muito longe disso. É só uma questão de respeito, quase de ética. Mas você pensa que alguém reconhece? Que nada! Minha fama é de antipática e egoísta. A percepção do outro sobre mim ainda me choca. Grandes sacrifícios para mim, pequeníssimos para o outro. E vive-versa, talvez. A única solução é adotar a tática do E daí?

Ah, se eu pudesse!

Friday, July 06, 2007

Estrelas mudam de lugar

Vou dizer-lhes algo que, nem em meus pensamentos mais delirantes, imaginei ser possível:

FUI A UM SHOW DO ROBERTO CARLOS.

Fui porque era um evento beneficente. E o mais surpreendente disso tudo é que eu sabia as letras das músicas e cantei junto com a platéia que lotava o Teatro Municipal anteontem, o que prova que o aprendizado por osmose é uma realidade. O repertório incluía apenas aqueles clássicos que meu pai sempre ouve (e toca ao violão!) lá em casa. Para minha sorte ficaram de fora as canções recentes (homenagem à mulher gorda, de óculos, baixinha...) e as “maria-ritices” chatíssimas que ele tem gravado.

O resumo? Roberto Carlos é simpático e doce, não é feio como na TV e não desafina nunca, pasmem. Ele parou com a mania de não cantar certas músicas e não pronunciar determinadas palavras por superstição; disse que a terapia está dando um jeito no TOC (vejam, hereges, como a Psicologia funciona!). Seu show, apesar da boa estrutura, foi perfeito porém frio. No meio do palco, tinha um baita piano de cauda – branco e brega. Ao final do espetáculo, ele passou muito mais tempo do que necessário jogando zilhões de rosas, beijadas uma a uma, para as senhoras da high society que se descabelavam querendo pegá-las.

Thursday, June 21, 2007

Longe do comercial de xampu

Eu acho engraçado quando as pessoas me dizem Mudou o penteado! como se isso fosse uma opção minha. Nunca é. É ele, o cabelo, quem manda. Se eu mudo o penteado, ou seja, prendo o cabelo, é porque, de outra forma, não haveria como sair de casa.

Na hipótese de eu ter que escolher entre ficar rica ou ter um cabelo bonito e obediente, juro que eu ia ficar na dúvida.

Tuesday, June 12, 2007

Só um dia como outro qualquer

Se hoje fosse dia do soldado, eu ia ficar triste porque não sou soldado? Não.

Se hoje fosse dia da árvore, eu ia ficar triste porque não sou árvore? Não.

Então, por que as pessoas acham que eu tenho que ficar triste no dia dos namorados? Arfe, que nóia, heim! Mas uma moça tão bonita [adoro essa parte de “moça”] vai ficar sozinha hoje? Sozinha, não. Vou ficar com mais um monte de gente no trabalho, na faculdade e em casa. Tá bom para vocês?

Wednesday, June 06, 2007

A soberba e a falta de tato

Eu tenho um defeito, ou melhor, eu tenho vários defeitos, mas há um que considero grave e que me incomoda muito: às vezes, eu falo demais. Que por falar demais não se entenda “tagarelar enlouquecidamente”, mas sim “dizer o que não se deve a pessoas a quem não se deve, em lugares impróprios”. Como ontem, por exemplo. Eu discorria sobre um outro defeito meu: a impaciência com as situações grupais forçadas pelos professores, tipo trabalhinhos em grupo, discussões em sala de aula etc. Eu disse a uns colegas de turma que não gosto dessas atividades, que não tenho disponibilidade para discussões e, pior, que eu sou arrogante a ponto de não ter a menor vontade de tentar convencer os outros sobre a validade das minhas idéias. Duas meninas me olhavam com os olhos arregalados enquanto eu ia despejando meu arsenal de palavras inoportunas. O ápice da falta de tato se deu quando pronunciei, com todos os efes e erres, que não estava muito interessada na troca com outros alunos e que só o que os professores falavam importava realmente para mim, porque me incitavam a uma certa análise crítica do que eles ensinam. É claro que não sou tão radical assim, mas eu parecia estar tomada por uma peste qualquer e danei a falar. Alguém saiu com a seguinte pérola: Mas assim você menospreza a capacidade intelectual dos seus colegas! Eu disse: Não, imagine!, mas no fundo é isso mesmo, né? Não estou dizendo que só estou aberta a pessoas intelectualmente brilhantes. Não é isso de forma alguma, mesmo porque eu estou bem longe de ser brilhante. Mas quando a questão é acadêmica, desculpe, eu não consigo suportar grupos. Sou do bloco do eu-sozinha, já disse. Eu sei que é quase patológica a minha questão, mas, cá para nós, esse é um dos meus defeitos com os quais eu não consigo me incomodar muito.

Friday, June 01, 2007

Breathe in

Ontem à noite, caminhando, lembrei que existe uma coisa que eu adoro fazer no tempo frio: respirar.

Sentir o ar gelado entrando pelas narinas e enchendo os pulmões me deixa consciente de uma verdade de que não deveria nunca esquecer: estou viva.

Thursday, May 31, 2007

Um certo mau humor outono-inverno

Não vou negar que um friozinho é bom para mudar um pouco a paisagem (e a vida, por tabela), mas, sinceramente, se o outono está assim, o que devemos esperar do inverno?

Eu acordo de manhã e pulo da cama, porque não acho produtivo ficar adiando o momento doloroso do abandono dos cobertores. Mas não adianta nada, não “ligo”. Sigo para o banheiro feito um zumbi e perco o olhar no fundo do espelho, encostada à parede, como se meu corpo não me pertencesse. Banho, de manhã, nem pensar, me contento com apenas um, antes de dormir. Imagine sair com o cabelo molhado neste frio ou, pior, acordar mais cedo para usar o secador!

A garagem lá em casa é no andar de baixo. Você vai descendo as escadas, e a temperatura vai baixando a cada degrau. No verão, isso é maravilhoso, mas agora a sensação é de estar entrando nas profundezas de uma masmorra medieval.

O termômetro da prefeitura perto de casa mostra invariáveis 15°C quando eu passo por ele de manhã e à noite.

As roupas quentes não dão vazão, simplesmente porque, depois de lavadas, não secam por nada. Vou ter que comprar uma secadora de roupas em pleno Rio de Janeiro? Era só o que faltava! Mais um aparelho consumindo a energia que o planeta pode usar de outras formas? Tento ser ecologicamente correta e me recuso (por enquanto), afinal, se chegamos a estas mudanças loucas no clima, foi justamente porque não pensamos do dia de amanhã e desperdiçamos, usamos errado e poluímos tudo o que era possível.

E a chuva? Um amigo inglês já me chamou atenção para o fato de que cariocas não sabem usar guarda-chuvas. Segundo ele, a gente perde o senso de equilíbrio e de espaço, enfia as varetas nos olhos dos outros e não sabe o que fazer depois com o bicho fechado e molhado. Não sei se isso é uma particularidade nossa, mas que é chato carregar aquilo para cima e para baixo, não há dúvida.

Não se pode negociar? Eu proponho o seguinte:

1) Que os dias sejam de sol;
2) À noite, pode até esfriar bastante;
3) Chuva, só de madrugada.

Wednesday, May 30, 2007

O peso da idade

Não é que eu goste de agulhas, mas estar fora da faixa etária da campanha de vacinação contra a rubéola no Rio me deixa quase macambúzia.

Monday, May 28, 2007

Mas é só isso?

Há algo de ridículo em deitar em uma maca estando em perfeita saúde, especialmente quando quem empurra a dita cuja é uma enfermeira franzina. As pessoas olham com curiosidade ou piedade, tentando descobrir que mal acomete a pobre mulher deitada ali. De cinematográfico há a visão das luminárias do teto do hospital se sucedendo no longo corredor. Vanilla Sky, acho. Um anestesista gentil, uma dose. Apaga, acorda. Outra sala, nenhuma dor. Tudo resolvido.

Thursday, May 24, 2007

Causing a commotion

Um suéter preto, o rosto afogueado e o cabelo em ligeiro desalinho, salpicado de chuva.

Wednesday, May 23, 2007

Pó, lama, mofo e a criatura cheia de frescuras

Com raríssimas exceções, não gosto de coisas velhas. Não gosto especialmente de livros velhos. O prazer de um livro para mim está em um bom texto impresso em páginas incólumes e com suave odor de papel novo. Nem sempre, porém, é possível conseguir essa "conjunção astral".

Eu preciso ler este livro, que está esgotado (nem link para a edição em português existe mais), então tive que comprar um usado. Como não tenho tempo para fazer peregrinação pelos sebos da cidade, fiz uma compra via internet. Big mistake! Apesar de ter custado uma pechincha, o exemplar, que me garantiram estar em bom estado, está repulsivo. As páginas estão todas no lugar, é verdade, mas há manchas de mofo e de um líquido qualquer que me parece água suja, como se alguém tivesse deixado o livro cair em uma poça lamacenta. Desnecessário mencionar o cheiro de pó característico, não?

Agora eu estou num dilema: faço uma cópia do livro todo (mesmo infringindo a lei de direitos autorais) ou compro luvas cirúrgicas para manusear aquela nojeira?

Tuesday, May 15, 2007

Comer como se não houvesse amanhã

Meu amor maior completa um ano amanhã. Converso com minha irmã sobre os últimos detalhes da festa, que será sábado, e ela me conta que algumas pessoas com as quais ela nem tem intimidade ficaram ofendidas por não terem sido convidadas. Imaginem isso: pessoas brigando por causa de uma festa de criança!

Será pela comida? Acho bizarro, como sempre acho bizarra a falta de educação em situações onde há boca livre. Aqui no trabalho, por exemplo, os coffee breaks parecem eventos bárbaros, com as pessoas em volta da mesa tentando comer tudo o que podem o mais rapidamente possível. Se fossem de um nível social baixo, sem acesso a grandes farras gastronômicas, entenderia. Mas não, são gerentes com salários acima de uma dezena de milhares de reais. Será que não dá para fazer o supermercado com isso, não?

Maio vai se arrastando e me arrastando. A grande onda, lembram?

Já deve ter aranha fazendo teia no meio da poeira deste blog desabitado. Eu poderia pôr a culpa do abandono na fadiga pós-semana de provas ou ainda na conexão com o Blogger, que continua impedindo com freqüência desanimadora meus logins. É tudo verdade, mas não é toda a verdade. Tenho escrito uns textos esparsos, que salvo como rascunhos, mas acho bocós e impublicáveis após uma segunda ou terceira leitura.
O que vou lhes contar? Nada acontece, camaradas. Enfim, admito: EU sou o tédio.

Monday, April 30, 2007

Rotina

Quando eu tenho muito o que fazer, me dá uma lerdeza tão grande que eu fico vendo o tempo passar e não faço absolutamente nada. Parece que estou sendo engolida por uma onda gigantesca e não esboço reação.

Quarta-feira começam as minhas provas. Eu tenho tanta leitura acumulada a fazer que é melhor começar a rezar, porque ler tudo será impossível, já sei. Aí, seguindo minha tradicional forma de não correr atrás do prejuízo, joguei tudo para o alto e fui ao cinema ontem. Eu não ia ao cinema há séculos, e justamente quando não podia, fui.

O mês de maio vai ser cheíssimo. Vou fazer uma cirurgia dia 25. Coisa boba, nem vou precisar ficar de repouso depois, mas é um estresse pensar em ficar um dia presa no hospital e, pior, pensar no jejum antes da cirurgia. Odeio jejum, passo mal, tenho vertigens. Argh!

Não tenho postado porque minha conexão no trabalho anda péssima. Nem responder aos comentários tenho conseguido. Pela mesma razão, não tenho comentado em blogs alheios.

Antes de dormir, leio Sedaris e me entedio. Definitely overrated.

Sonho acordada com viagens ao exterior. Férias de tudo eu queria. Ser só eu e minhas demandas. Pitadinhas de egoísmo. Por que não?

Hoje é quase feriado, mas vim trabalhar. O trânsito antecipava o tipo de dia que teríamos aqui: vazio.

Wednesday, April 18, 2007

Novelo

No emaranhado das relações, é estranho como os laços estabelecidos vão se deformando, uns se transformando em nós, outros se desfazendo em fios soltos, desamarrados. Trinta e sete anos tecendo e destecendo, e ainda cometo os maiores erros: amarro o que não quero e desato o que não devia.

Tuesday, April 17, 2007

Correspondência eletrônica

Sabe que ainda estou pensando o que vi de diferente em você ontem? Bonita não é porque você está sempre bonita. É claro que tem dias que você está mais, e ontem era um dia desses. Cabelo não foi porque já tinha reparado neles no outro dia. A roupa achei até que estava num estilo diferente, mas era em você e não na roupa. Bem, a qualquer hora pode dar o click e aí eu te falo.
Beijos,
R.
E aí eu pergunto: por que, em nome de Deus, as pessoas que me dizem esse tipo de coisa nunca são aquelas de quem eu desejo ouvir, heim?

Thursday, April 12, 2007

Salão de Beleza

se ela se penteia eu não sei
se ela usa maquilagem eu não sei
se aquela mulher é vaidosa eu não sei
eu não sei eu não sei

vem você me dizer que vai a um salão de beleza
fazer permanente massagem rinsagem
reflexo e outras cositas más

baby você não precisa de um salão de beleza
há menos beleza num salão de beleza
a sua beleza é bem maior do que
qualquer beleza de qualquer salão

mundo velho e decadente mundo
ainda não aprendeu a admirar a beleza
a verdadeira beleza
a beleza que põe mesa
e que deita na cama
a beleza de quem come
a beleza de quem ama
a beleza do erro, do engano, da imperfeição

belle belle como linda evangelista
linda linda como isabelle adjani

veja como vem,
veja bem,
veja como vem,
vai, vai, vem,
veja bem, como vai, vem

ai, bela morena, ai, morena bela
quem foi que te fez tão formosa?
és mais linda que a rosa debruçada na janela


Zeca brinca com as palavras. Zeca é poético. Zeca é sério. Zeca é irônico. Zeca é cômico. Tenho todos os CDs e sou capaz de ouvir cada um dezenas de vezes. Estou com um no CD player do carro há mais de um mês. Minha irmã me pergunta, quando eu chego em casa cantando: Mas você ainda está ouvindo isso? Fazer o quê? Não resisto. Viciei.

E essa musiquinha vem em homenagem ao meu novo corte de cabelo. Denominei “Cogumelo de Bomba Atômica”, para você ter uma idéia. Destruição total. Nada dá jeito nesta desgraça. Quero mil presilhas ou a máquina zero.

Wednesday, April 11, 2007

Sim e não

Escrevi, no post anterior, que não estou procurando homem nenhum. Reafirmo. Na verdade, eu até estou evitando encontrar. Fico pensando em quanta energia emocional teria que despender em um novo relacionamento amoroso e me dá muita preguiça. Arf, não quero! E, sim, eu sei que isso não é lá muito saudável, especialmente quando fico em casa num sábado à noite assistindo a Pretty Woman, no Supercine, pela milésima vez.

Mas. Existe este moço da faculdade. Nós somos de grupos de amigos diferentes, com pouca interseção. Nas últimas semanas, ele tem feito um esforço para sentar perto de mim, eu percebo. E, olhe, é preciso muita coragem para fazer isso. Porque eu praticamente tenho uma plaquinha na testa, onde se lê: NÃO SE APROXIME, ESTRANHO. Ele puxa assunto, pede para copiar minhas anotações de aula. Espera que eu guarde meu material, para sairmos juntos da sala, ou apressa o passo, para me alcançar no corredor. Confesso que estou achando tudo isso extremamente fofo. E reparei que ele tem uns olhos azuis muito límpidos e um sorriso de comercial de pasta de dentes.

É precisamente aí que entram em ação todos os meus mecanismos de defesa. Começo a procurar defeitos. O primeiro foi pensar que ele devia ser muito novo, apesar de não parecer, afinal quase todo mundo na universidade é quase adolescente. Mas não, eu vi fios brancos no meio dos cabelos claros e na barba por fazer. Então, embora não saiba quantos anos ele tem, posso supor que não é nenhum bebê. E assim seguimos. Um dia, quero; no outro, não. Fujo, fico; recuso, aceito; sou graciosa, não dou papo. Enfim, sou uma doida.

Monday, April 02, 2007

A volta dos mortos-vivos

(Vou avisando que é longo. Desista agora.)

Tal como um ateu que chama por Deus em momentos de perigo ou desespero, eu não acredito em horóscopo, mas leio com freqüência. Aí, sei lá, dia desses estava escrito assim:

Amores antigos podem dar sinal de vida. Mesmo que você não queira a proximidade destas pessoas, procure ouvir o que elas têm a lhe dizer, pois podem ser coisas que servirão para sua evolução enquanto ser humano.

Pensei com meus botões, Cruz credo! Se tem uma coisa a que eu tenho horror é encontro com ex. Por mim, ex-namorados se dissolveriam em poeira cósmica junto com o fim do relacionamento. Nem preciso dizer que não fico amiga de ex sob hipótese alguma. O que acontece é que, quando eu chuto, não quero ouvir a ladainha “ó-como-estou-sofrendo”; e quando sou chutada, não quero ficar pagando o mico absurdo de implorar uma volta. Você pode até dizer que eu sou mal-resolvida. Eu não nego; só serei zen e descolada quando passar desta para melhor – se houver uma melhor.

Mas chega de digressões. No exato dia em que eu li a tal previsão, comecei a receber chamadas do meu último ex no celular. Esse cabra é aquele mesmo que rendia muito assunto no meu blog antigo. Pintou e bordou com a minha paciência até o dia em que eu me enchi e o mandei catar coquinhos. Mas ele se recusa, né? E fica ligando para o meu trabalho. E eu não atendo. E eu troquei o número do meu celular só para ele não poder me atazanar o juízo. Isso já faz séculos. E agora, o que acontece? Algum amigo da onça deu o número do meu celular a ele. Pelo jeito da última mensagem de texto que ele passou, o amigo da onça também lhe dá relatórios a respeito da minha vida. Ele escreveu: Já faz quatro anos e eu continuo querendo você. Acho que deveria considerar isso, pois até hoje não encontrou o tal homem perfeito.

Quem disse que eu estou procurando homem perfeito? Já faz quatro anos que eu não estou procurando homem nenhum. Essa é a questão. (Quatro anos, heim? Não tinha me dado conta. Virei praticamente uma freira! Ha, ha, ha!)

Bem, esse foi o Caso Comprobatório de Horóscopo Vagabundo nº1. Agora vamos ao nº2, que foi fortíssimo.

Sábado compareci a um evento sobre Psicoterapia Analítica na faculdade. Na hora do intervalo, saí para almoçar com dois colegas de classe num restaurante ali perto. Quando me sentei e tirei os óculos escuros, perdi totalmente o rebolado. Bem à minha frente, numa mesa um pouco à direita, dei de cara com “o” ex, o melhor de todos, o que ficou de modelo para todos os outros que vieram depois e que (se você é espertinho, adivinhou) me chutou! Jesus, Maria, José! Não sabia o que fazer e achei melhor fingir que não vi que ele ficou o tempo todo me olhando. Se ele viesse falar comigo, acho que eu ia gaguejar e falar idiotices. Assim, arriscando arranjar mais um torcicolo, passei o tempo todo evitando olhar para aquela direção e pensando: Por que vim almoçar aqui? Por que não vesti uma roupa bonita hoje? Por que meu cabelo tinha que estar tão horroroso? Por que esses colegas que me acompanham estão tão longe de serem dois Adônis? Por quê? Por quê?

E ele? Nem gordo, nem careca, nem grisalho. Que droga! Não que eu ainda seja apaixonada por ele. Naaaaaa, bestialidade tem limites, afinal já faz quase dez anos. Mas eu queria estar linda e bem acompanhada naquele momento.

Agora estou até com medo de sair à rua. Não que eu tenha tido tantos namorados assim, mas, do jeito que a tal previsão tem se mostrado eficiente, vai que encontro os outros, né?

Friday, March 30, 2007

A experiência oriental

Lembram-se de que eu ia consultar o japonês consertador de coluna? Pois fui. Tinha imaginado um velhinho, mas é um homem de seus quarenta anos, corte de cabelo moderninho e boas roupas. E não é médico, é shiatsuterapeuta.

A consulta durou quase uma hora. Ele fez uma anamnese longuíssima, depois me fez ficar de pé enquanto observava meu corpo, como se me medisse. Numa terceira etapa, deitei numa cama e ele começou o shiatsu.

Ao fim disso tudo, fez o mimoso desenho de minha figura de costas, que lhes apresento ali ao lado. Vejam que o quadro não é muito animador. A pessoa está toda torta e, nessas partes rabiscadas com um leve zig-zag, há o que ele chamou de um “enrijecimento anormal dos músculos”.

Não obstante tudo o que está fora de esquadro no meu corpo, o gajo acha isso não é a causa os meus torcicolos e das outras dores e dormências. Disse que eu tenho um “cansaço crônico” e que, antes de ele mexer mais nos meus músculos, eu deveria parar de comer açúcar branco, pão branco, frutas cítricas e, fora de casa, qualquer coisa crua. Pintou um quadro assustador de bactérias que ficam à espreita loucas para mergulhar em nossos organismozinhos indefesos.

Conclusão: estou comendo pior (porque tudo o que eu mais gosto na vida são as frutas e verduras cruas) e o meu pescoço continua doendo – menos, é óbvio, já que o tempo passa e, com isso, a dor vai diminuindo naturalmente. E não é comida que vai me fazer melhorar, tenho certeza. Esse japa é zen demais para mim.

Friday, March 23, 2007

Transtorno dissociativo de identidade ou apenas uma coluna ruim

Hoje acordei "A" social. Você me vendo interagir pensaria que sou tão agradável e extrovertida. Não estou forçando a barra. Faço ou falo alguma coisa com alguém e penso Ué, fui eu mesma quem acabou de fazer isso? Estou achando engraçadíssimo.

Deve ser reflexo do torcicolo que me acompanha há cinco dias. Quando acordei segunda-feira, quase não consegui me levantar da cama. Tenho tido muitos torcicolos nos últimos meses. E dores intensas que se irradiam do pescoço até os ombros. Dormência nos braços também. Enfim, um quadro muito incômodo que me faz pensar que há algo de muito errado com a minha cervical. Não há ortopedista que dê jeito, então amanhã vou a um japonês. Cá pra nós, eu sempre quis um japonês que me pegasse de jeito. Eu já estava começando achar que japoneses-consertadores-de-coluna eram seres mitológicos, pois jamais havia conhecido um. Este me foi muito bem recomendado. Quero muito pagar para ver. Depois eu conto.

Friday, March 16, 2007

De novo e de novo e de novo

Daqui a pouco mais de uma semana, 37. E, no entanto, pessoas continuam me dizendo: Sabe que você se parece com a Sandy? Ontem mesmo, na faculdade. Eu rio, mas deve haver algum fundo de verdade nisso, já que eu ouço tais sandices (ai, que infame!) de pessoas totalmente sem relação umas com as outras, nas situações e épocas mais diversas. Passei a ver como elogio, porque, apesar de a garota ter o repertório mais chato que existe, até que é bem bonitinha. E jovem.

Então, 37 = Sandy. Ok.

Por um pouco de sossego

Reafirmo: existe o fato incontestável de que a minha sala atrai gente. Eu não sei o que é. Certamente não se trata de algum tipo de magnetismo pessoal, já que estou muito mais para antipática. O pior nisso tudo é o fato de que 90% dessas pessoas que se postam na minha frente mendigando atenção são umas chatas de galocha. Eu nem tento disfarçar que não quero papo, respondo com monossílabos, faço cara de compenetrada no trabalho. Não adianta. Eles não têm simancol. Como é que pode?

Quero poder ficar só. Para trabalhar em paz. Para ler blogs em paz. E, principalmente, para comer em paz – e sem dividir com ninguém – as trufas incríveis que minha irmã me deu de presente. A chocolatria persiste. A sorte é que eu sou controlada e nunca como mais que uma por dia. É necessário uma força de vontade do cão, mas eu tenho conseguido.

Tuesday, March 06, 2007

Volta às aulas

É um tanto penoso recomeçar. A burocracia das fotocópias, as ementas que não serão cumpridas, o sono. Quando pequena, eu sentia saudades da escola nas férias, mas isso já faz muito tempo; perdi o entusiasmo pueril. Não que o curso não me interesse mais, pelo contrário; no entanto, tenho consciência de que talvez este seja mais um diploma para guardar na gaveta. Essa obrigatoriedade de estágio me confronta com a verdade: vai ter coragem de seguir sonhos, de deixar o certo pelo duvidoso? E são sonhos verdadeiramente ou apenas mais uma tentativa de buscar o novo inalcançável? Velhas fórmulas para velhos problemas. Eu já sei que não funciona; contudo, me sinto na obrigação. Faça alguma coisa! Faça alguma coisa! Não é o que dizem? Não está feliz, mude. Debata-se inutilmente na água morna da acomodação; o que não se pode é permanecer inerte enquanto afunda.

Wednesday, February 28, 2007

Desde 1920, pelo menos

Tinha que ser examinado pelo Henrique Roxo. Há quatro anos, nós nos conhecemos. É bem curioso esse Roxo. Ele me parece inteligente, estudioso, honesto; mas não sei por que não simpatizo com ele. Ele me parece desses médicos brasileiros imbuídos de um ar de certeza de sua arte, desdenhando inteiramente toda a outra atividade intelectual que não a sua e pouco capaz de examinar o fato por si. Acho-o muito livresco e pouco interessado em descobrir, em levantar um pouco o véu do mistério — que mistério! — que há na especialidade que professa. Lê os livros da Europa, dos Estados Unidos, talvez; mas não lê a natureza. Não tenho por ele antipatia; mas nada me atrai a ele.

Lima Barreto em O Cemitério dos Mortos, 1920

Então a percepção não é só minha. E nem é algo novo, como eu erroneamente pensava. É bom saber que não sou implicante à toa.

Friday, February 23, 2007

Momo

Teve Carnaval? Nem vi.

Banho cultural

O pequeno príncipe torna impossível o banho de banheira, e não é de hoje. Desde que começou a ficar de pé, nunca mais sentou, e se contorce o tempo todo tentando pegar objetos fora do alcance ou procurando os brinquedos que acabou de jogar no chão. Ver a mãe lutando para mantê-lo sentado na banheira sempre me lembra de um episódio bastante patético envolvendo uma banheira e eu.

Sempre associei banheiras a relaxamento, e chuveiros a limpeza. Porque, como você chega sujo, entra numa banheira cheia de espuma, se esfrega, fica de molho junto com as imundícies que traz da rua e depois se enxuga e acha que está limpo? Não há como eu sair daquela poça de bactérias e não tomar uma ducha, não há.

Então teve essa vez em que eu fui com uns amigos ingleses passar uns dias numa autêntica cottage escocesa. Quando entrei no banheiro, constatei, atônita, que não havia chuveiro na casa, apenas uma grande banheira. O que é que eu fiz? Sem comunicar aos meus anfitriões o meu desconforto, fui até a cozinha e surrupiei uma caneca (também não dava para pegar nada maior discretamente) com a qual pegava água e jogava no corpo enquanto passava um frio desgraçado de pé dentro da banheira. Foram cinco dias nessa palhaçada, tudo por causa da minha cultura exótica que valoriza a limpeza em detrimento da comodidade.

Vejam que chic: a pessoa sair do Brasil para ir tomar banho de cuia na Escócia. Logo eu que pensava que só a CEDAE era capaz de me proporcionar tão gratificante experiência naquelas ocasiões de reparos emergenciais na rede!

Buscas encerradas

Encontrei uma médica que me atendeu na hora marcada. Só não está caracterizado o milagre por um detalhe: ela é homeopata. E isso faz uma diferença danada.

SOS BOLO

Você, amiga leitora, dotada de um jeitinho todo especial com potes e panelas, me responda: como é que eu faço um bolo que não sole? Há alguma ciência do bolo perfeito? Ou é aquela mítica “mão boa para bolos” ?
Noventa por cento dos meus bolos resultam em uma massa pesada e sem graça. Os outros dez por cento dão certo por puro acaso, tenho certeza. Eu, que faço menos de um bolo por ano, estou para desistir de vez.

Thursday, February 15, 2007

Pela boca

De repente, me pego ansiosa, e isso é uma novidade. Não perceberia se não atentasse para o fato de que mastigo rapidamente a comida às refeições. Eu nunca comi assim, com pressa, como se me fossem tirar o prato a qualquer momento. Isso sem contar o desejo incontrolável por chocolate.

Não enxergo os motivos.

Hoje, me desconheço.

Tuesday, February 13, 2007

Curto-circuito

Não sei bem o que aconteceu comigo, mas desde que voltei de férias danei a escrever esses textos quilométricos. Alguém precisa me fazer parar! ;)

Profissão: médico

O que é ser médico hoje? Um desfile de moda? Um exercício de egocentrismo?

Entre em um hospital particular e você verá um número enorme de mulheres de cabelo escovado, unhas longas, salto alto. Não são clientes, são médicas. Onde foram parar as roupas brancas e os sapatos rasos? Saíram de moda? Quando há uma emergência, elas correm pelos corredores com aqueles sapatos? [Se bem que, como bem frisou meu pai, o único lugar em que se pode ver médico com pressa para atender é em filmes.] Os homens são mais discretos, mas nem por isso deixam de adorar o indefectível jalecão branco com um bordado no bolso: Dr. Fulano. Como gostam do apêndice ao nome! Eles se apresentam assim, Bom dia. Eu sou o Doutor Fulano. Que fofo!

Não que as roupas importem realmente. Se o trabalho for bom, quem vai se importar com o que veste o senhor doutor? Eu é que não.

O problema é que...

Cada vez mais os pacientes têm que aturar a má-vontade, a expressão de tédio profundo e o olhar de suprema onipotência com que são observados pelos deuses da saúde. É como se eles não estivessem lá para atender doentes. [Eu tenho uma médica na família que dia desses estava fula da vida porque, durante o seu plantão num hospital público, apareciam pessoas procurando atendimento de madrugada e ela queria poder dormir!]
Ah, e antes que eu me esqueça, um conselho: não ouse fazer perguntas sobre a sua doença ou tratamento; não ouse ser proativo e opinar. Ao paciente cabe ouvir o que o senhor doutor quiser falar, e acatar, porque os médicos estudaram muito e tudo sabem.

Tem também a questão do relógio, totalmente ignorada. Meu grande desafio atual é descobrir um médico que atenda no horário em que eu marco a consulta, porque todos os que eu conheço me deixam plantada na sala de espera por horas, como se eu não tivesse uma vida fora do consultório. A solução é só marcar consultas nas férias, mesmo que o caso requeira maiores cuidados. De repente, pode-se ter a sorte de melhorar com auto-medicação e nem será necessário perder preciosas horas lendo revistas do ano de 1996.

Não há quem me faça pensar diferente: certas profissões são missões. Porque lidar com vidas humanas não é como lidar com cimento e pedras. É o caso do magistério, como disse a Alexandra neste texto, e da medicina, dentre outros. Quem não está à altura dessa responsabilidade deve procurar outros ofícios.

Se você tiver intimidade com um desses seres superiores, pergunte-lhe por que tantos médicos agem com tamanho desrespeito. Você vai ouvir os seguintes argumentos para justificar a displicência: que eles ganham mal, que os planos de saúde pagam pouco pela consulta, que trabalham horas demais, que os pacientes são histéricos e procuram atendimento sem motivo, blá, blá, blá. E você pode até concordar com isso tudo, mas aí você pára para pensar e se pergunta: Ué, mas quando eles decidiram cursar medicina, as condições já não eram essas?

Wednesday, February 07, 2007

Férias Frustradas 2: um post longo demais

Agora é isto: eu digo que vou tirar férias, e logo acontece alguma coisa que vai jogar por terra todos os meus planos de viagens, ainda que as tais sejam apenas pequenas viagens, dessas que cabem no orçamento de quem quer poupar seus milhões (rá!). Então eu fico zonza, sem saber o que fazer com as horas ociosas. Vago pela casa procurando serviços domésticos pendentes, mas não querendo encontrá-los na verdade – desafortunadamente eles pipocam por toda parte, e lá vou eu, mal-humorada, dar cabo deles.

É incrível como, quando tenho que vir ao trabalho, invento mil programas que estaria fazendo se não estivesse trancada no escritório, mas me dê liberdade provisória e eu não saberei o que fazer com ela. Da piscina nem chego perto; com companhia já acho um tédio, sem companhia me parece uma tortura ficar sentada sob o sol inclemente, tostando feito bife na chapa. Por outro lado, colocar um biquíni só para dar um mergulho de cinco minutos e depois voltar a sentir calor é trabalho demais para quem está de férias.

Quem me salvou um pouco foram os livros. Depois de várias interrupções na leitura do Grande Sertão: Veredas, consegui chegar ao final. E confesso: não gostei. No início, me encantei demais com tudo, ficava boquiaberta mesmo, porque o homem escrevia que era um negócio, vou te contar. Entretanto, lá pela metade, quando a jagunçada sai caçando "os hermógenes", meu Deus, quase morria de sono cada vez que começavam as intermináveis descrições do sertão e as divagações sobre o pacto/não-pacto de Riobaldo com o demo. Do segredinho de Diadorim eu já sabia desde o início, então o saldo ficou negativo. Os entendedores podem me atirar pedras, não estou nem aí.

Para fugir da densidade, comecei a ler as quatrocentas e tantas páginas da paraliteratura (ou seria sub?) que ganhei de presente de Natal. É tão constrangedor quando alguém quer ser engraçado e não consegue, vocês não acham? Enfim, o saldo continuou negativo.

Aí chegou pelo correio este, que, por causa dela, furou imediatamente a minha lista de espera (eu devo ter mais de vinte livros novíssimos, lindos e cheirosos esperando para serem devorados). Ainda não terminei e, fora o fato de eu conseguir encontrar erros de revisão bem grosseiros para uma edição tão bonita, acho que meu saldo de férias finalmente vai ficar positivo. Eu conto para vocês depois.
Por hoje já chega, não?

Thursday, January 11, 2007

De presente

Olho para a tela: branco. A vida morna tem dessas coisas, pelo menos no meu caso. Emoções leves e falta de assunto. Se, para escrever, preciso de emoções fortes, acho que vou passar; já tive o suficiente para uma vida.

E para este período de entressafra minha, dou-lhes de presente Mariana, que descreve as situações mais prosaicas da forma mais sua possível, o que quer dizer que é sempre bonito e sempre inimitável. O ruim é que ela escreve uma vez a cada vinte anos. Eu reclamo, claro, mas ela nem liga.

Wednesday, January 10, 2007

Egoísmo

Viver a vida dos outros, pelos outros, ainda que temporariamente necessário, por vezes torna-se um fardo muito pesado. Há limites para o altruísmo, especialmente para quem não tem na alma o dom de se doar.

Thursday, January 04, 2007

Comfort food

Minha mãe me ligou agora e disse que teremos sopa de ervilha para o jantar. Sopinha de ervilha, broa e vinho - motivos suficientes para eu ir correndo para a casa. Com esse tempinho lusco-fusco não há coisa melhor que as minhas comfort foods.

Tuesday, January 02, 2007

Maybe tomorrow I'll find my way home

Terminamos bem. O som poderoso do meu piano, que não era ouvido há anos, encheu a casa e invadiu o quarteirão, deleitando os vizinhos de bom gosto (rá!) e quem passasse pela rua. Óbvio que não era eu quem tocava – quem não tem competência não se estabelece. Num grupo de vinte e poucas pessoas, fizemos a contagem regressiva ouvindo ABBA, dancing queen, feel the beat from the tambourine. Muito champagne, comida em excesso, fantasia. Quebrei a cara com essa história de não gostar de réveillon. Quer dizer, ainda não gosto, mas a festa foi ótima.

Começamos mal. Ligo a TV no dia 1º, e o que é que tem? Enforcamento de Saddam Hussein. Que tapa na cara da humanidade. Quem pensava que havíamos evoluído ficou atônito. Eu pensei que não iam fazer, apesar de a sentença ter sido anunciada aos quatro ventos. Olho por olho, dente por dente. Homens das cavernas é o que ainda somos. Para completar, assisti Crash ontem. Ótimo filme, péssima escolha para um dia que começou otimista. Não dá para digerir, comecei a fazer pontes para tudo o que acontece à minha volta.

Vamos lá, gente, que a festa acabou e a vida real bate à porta outra vez.

Meu desejo para 2007: que seja um ano de menos intolerância e violência.