Wednesday, July 11, 2007

Declinar de meme é muito feio

Eu sei, Ana, e não ignorei ou esqueci, mas estava naquele período imediatamente anterior às provas finais, ou seja, estava doida demais para falar de livros. Pois bem, agora vai, embora eu bem saiba que ninguém está mais interessado.

Lembram daquele livro usado e nojento que eu comprei? Era A Hora de Cinqüenta Minutos, de Robert Lindner, escrito em 1952. Consegui ler. Nele o autor, que era psicanalista, narra cinco casos que passaram por seu consultório, preservando, obviamente, a identidade dos clientes. Para quem gosta de psicanálise é interessantíssimo. Talvez até para quem não gosta. A narrativa se divide em cinco capítulos, um dedicado a cada caso, e flui como uma obra de ficção, com ganchos de suspense até o fechamento de cada história. Particularmente, me serviu como um pequeno teste. Ia diagnosticando os sintomas e, ao final, checava se minhas habilidades estão sendo aprimoradas na universidade. De fato, estão. Rorrô!

Divergindo do discurso usual de profissionais da área, Lindner expõe com franqueza as suas inseguranças, as suas insatisfações e os seus erros em cada caso. Só isso já vale a leitura. O único inconveniente é aquele que já contei aqui: não existem exemplares novos para comprar. Se você gosta de livro velho – ou seja, poeira e mofo, na melhor das hipóteses, ou respingo de poça de lama, como no caso do exemplar que eu consegui num sebo –, recomendo a leitura. Se não, nem precisa fazer o sacrifício, porque o livro, apesar de ser de leitura agradável, não é nenhuma obra-prima.

5 comments:

Anonymous said...

Confesso que o título (com essa hora desfalcada) me deixou curioso. Ainda mais com o seu comentário, "doutora".

Certa vez li Sybil (que, suponho, você deva saber de quem se trata). O livro me agradou não apenas pela história tão complexa quanto inacreditável da "protagonista/personalidade(s)", mas também, justamente pelo caráter psicanalítico da obra — em que a terapeuta também indicava os pontos nos quais ela podia estar se equivocando... Se você ainda não leu Sybil, eu recomendo, muito.
Enfim, este A Hora de Cinqüenta Minutos é mais um livro para a minha lista de obras a serem "descobertas".

p.s. eu detesto essa coisa de meme.

Anonymous said...

Acho que eu ia gostar de ler... Suas impressões me deixaram curiosa... :)

Lys said...

Wagner, você me surpreende. Eu ainda não li Sybil, mas lerei. Li, da mesma autora, Sapateiro: Anatomia de um Psicótico, que é excelente (para quem curte o assunto, claro).

Ainda bem que você disse que não gosta de meme, assim não corro o risco de lhe enviar nenhum!

Rosangela, leia, mas sem expectativas exageradas. É interessante, mas não é obra-prima. Eu acho muito frustrante ler um livro ou ver um filme que elogiaram muito, porque eu sempre me decepciono.

Anonymous said...

Deus me livre e guarde, eu sou muito doida pra ler qualquer um desses livros. Ia começar a entrar em pânico achando que eu tenho tudo que esse pessoal tem. Eu li só uma mini sinopse desse Sybil e já fiquei de cabelo em pé. São 16 personalidades? eu li certo?
Eu tenho horror a essas coisas, fujo como o diabo da cruz. Eu sou super impressionável, fico morrendo de medo , eu gosto é de historinha alegre e saltitante. De gente desequilibrada na minha vida já chega eu.

Lys said...

Daniele, Sybil é barra pesada, como também a maioria desses livros que relatam casos psiquiátricos, mas eu gosto demais. É muita coisa que eu aprendo com eles e do modo mais informal possível, extra-classe (com ou sem hífen? esqueci), com prazer. É lógico que, se você não tem interesse nessa área, não faz sentido nenhum ler. A pior coisa do mundo é transformar o prazer da leitura em uma tarefa penosa e desinteressante, certo?