Friday, October 27, 2006

As pedras do caminho

Eu tenho medo da mediocridade em mim, e não é um medinho magro, esquálido. Por isso fico fugindo. Tento ser brilhante, sem sucesso a maior parte do tempo, só conseguindo ficar no meio do caminho, o que às vezes me basta, contanto que a mediocridade não encoste em mim. Mas às vezes ela consegue, e me lambuza com a sua gosma fétida e ácida.

Se eu tivesse escolhido estudar, digamos, matemática, talvez pudesse enganar mais. Passaria noites em claro fazendo cálculos, que falam por si, e pronto. Mas não. Eu penso demais em subjetividades, investigo entrelinhas, tenho certezas rarefeitas e minhas idéias só se conectam em pedaços de papel. Quando chega aquela parte da música

você é tão articulada
quando fala não pede atenção

pode ter certeza de que infelizmente não estão cantando para mim.

Wednesday, October 25, 2006

E o dia começou mal

Arranhei terrivelmente meu carro. Isso me deixa num mau humor insuportável. Porque eu podia até botar a culpa em outra pessoa, mas ia estar mentindo. E nem tinha ninguém por perto, essa é que é a verdade. Foi desatenção e barbeiragem minha mesmo. É bom para baixar a minha bola. Eu sou tão metida a ser a melhor motorista do mundo. Falo mal dos outros e tudo mais. Agora vou passar o dia inteiro pensando no stress de levar o carro à oficina.

Para complicar, no escritório vi que vou ter que refazer um trabalho supostamente terminado ontem. Fiz errado também. Não acredito. Não existe nada mais difícil neste mundo do que eu ter que admitir que errei.

Aulas de humildade em plena quarta-feira. Eu mereço.

Monday, October 23, 2006

O Diabo Veste Prada


Não tem para mais ninguém. Só dá ela. Que atriz é essa Meryl Streep? Uma deusa. Faz um filme com meia dúzia de boas piadas, mil clichês e péssimos atores que parecem ter saído de Malhação ser digno de ser visto. Uma menção honrosa para a exceção Stanley Tucci, sempre engraçado na medida certa.

Friday, October 20, 2006

Post mulherzinha

Não é que eu não goste de me arrumar, eu tenho é preguiça. Se eu pudesse, seria uma daquelas mulheres que acordam uma hora e meia antes de sair pela manhã, fazem escova no cabelo, maquiagem completa, escolhem roupas lindas e combinativas, e saem envoltas em uma bela camada de hidratante pelo corpo todo. Mas eu não sou assim. Eu prefiro dormir. Acordo meia hora antes de sair, tomo um banho rápido, pego uma roupa qualquer (quase sempre básica e sem graça), a mesma bolsa que repito a semana inteira, passo um batom, um bom perfume e tchau.

Sair bem vestida só nos fins de semana e mesmo assim quando o programa requer uma certa produção. Caso contrário, eu vou estar com onipresentes jeans, uma camiseta e sandalhinhas rasteiras, talvez de vestido ou saia, se eu estiver inspirada. Sou evitativa de sapatos altos. Cremes, uso com a constância das estações do ano brasileiras. Maquiagem completa só para eventos importantíssimos (eu sou uma velhaca e nem sei passar delineador de forma decente, veja você, e sair por aí com os olhos borrados como fazem umas e outras...). Mas tenho meus mimos: minhas unhas estão sempre feitas. É para compensar o cabelo, que está sempre em estado lamentável.

Wednesday, October 18, 2006

"Minha pedra é ametista. Minha cor, o amarelo. Mas sou sincero, necessito ir urgente ao dentista."

Não sou supersticiosa. Passo por baixo de escada, acaricio gato preto, pronuncio a palavra azar, não dou bola para as sextas-feiras 13 etc. Eu acho explicações bastante terrenas para meus fracassos, não saio por aí empurrando a responsabilidade dos meus atos para forças ocultas.

No entanto, acontece um fenômeno muito bizarro com a minha mãe que eu não consigo explicar. Se ela sonha com dentes ou sapatos, alguém morre. É batata.

E hoje eu sonhei que todos os meus dentes superiores com exceção dos sisos haviam caído. Me bateu um medo horroroso de estar prevendo uma série catastrófica de mortes. Quantos dentes a gente tem em cima, mesmo? Pé de pato, mangalô três vezes!

Monday, October 16, 2006

Não suje o meu carpete

Estava no cabeleireiro sábado e comecei a folhear aquelas revistas. Achei uma entrevista com a Suzana Vieira sobre o novo marido, que é PM e tem uns 25 anos a menos que ela. Veja que desprendimento tem essa mulher. Eu não vou entrar na questão da escolha porque não me cabe ficar comentando a vida dos outros aqui. Cada um na sua é que é bacana, certo?

O que bateu forte para mim foi o carpete verde clarinho do quarto da Suzana. Que ela, em sua vidinha de mulher solteira há algum tempo, mantinha, com muito zelo, sempre limpinho, e só pisava nele descalça, para não sujar. E agora ela abre mão da limpezinha e da fofura do seu carpete em favor de amor, paixão, companheirismo, o diabo. O homem pode pisar em tudo com os sapatos que usa na rua.

Que símbolo esse carpete, heim? Imaginem uma vida toda encarpetada de um verde clarinho imaculado. Conseguem? Essa é a minha vida.

Wednesday, October 11, 2006

As maravilhas da vida sedentária

Estive dando uma olhada crítica por aqui e as coisas não estão boas. Uns vasinhos perto do calcanhar, como uma bacia hidrográfica marcada no mapa, só que em vermelho. Minha barriga de tanquinho não sei onde foi parar, mas juro que já tive uma. Vou andando e sinto um certo peso nas laterais, acima dos quadris, se alternando de um lado para o outro – serão pneuzinhos em formação? Sempre tive pavor de gordura localizada. As pernas não estão feias, embora o tônus muscular não seja mais o mesmo – flacidez. Celulites aparecem se comprimo com o polegar e o indicador a pele das coxas. A servir de consolo só um fato: ainda não tenho estrias.

Monday, October 09, 2006

Ironia do destino, tiro no pé ou burrice

Chame como quiser.
Depois de três anos escondida atrás do meu próprio clark-kentianismo, dei um passo em falso. Indiquei um dos meus blogs favoritos a uma pessoa muito íntima. Era para ela ler um post e esquecer, mas virou leitora diária. Hahaha! Agora é rezar, minha gente, para ela não sair clicando em links alheios e vir parar aqui. Por enquanto, vou censurando meus muitos assuntos compartilhados com ela, a espera de que se enjoe.

Thursday, October 05, 2006

Ainda sobre o acidente

A gente até tenta não se deixar levar pela onda de tomar nojo de americanos, mas eles se esforçam tanto!

Wednesday, October 04, 2006

Infantil

Eu conhecia uma das vítimas da queda do avião da Gol. Não éramos íntimos nem nada, mas a pessoa em questão era daquele tipo de gente simpática e agradável que fala com todo mundo. Portanto, é uma perda impactante, de fato. Fiquei muito impressionada. Esse tipo de coisa só acontece com desconhecidos, na minha cabeça.

Então, toda noite, antes de adormecer, eu fico pensando no terror - é quase como um medo de assombração, uma lance bem ridículo, como quando eu vi os esqueletos saindo da piscina em construção em Poltergeist e fiquei com medo de dormir por um tempão. Eu tinha 12 anos, era compreensível. Aos 36, fica meio patético.