Wednesday, February 07, 2007

Férias Frustradas 2: um post longo demais

Agora é isto: eu digo que vou tirar férias, e logo acontece alguma coisa que vai jogar por terra todos os meus planos de viagens, ainda que as tais sejam apenas pequenas viagens, dessas que cabem no orçamento de quem quer poupar seus milhões (rá!). Então eu fico zonza, sem saber o que fazer com as horas ociosas. Vago pela casa procurando serviços domésticos pendentes, mas não querendo encontrá-los na verdade – desafortunadamente eles pipocam por toda parte, e lá vou eu, mal-humorada, dar cabo deles.

É incrível como, quando tenho que vir ao trabalho, invento mil programas que estaria fazendo se não estivesse trancada no escritório, mas me dê liberdade provisória e eu não saberei o que fazer com ela. Da piscina nem chego perto; com companhia já acho um tédio, sem companhia me parece uma tortura ficar sentada sob o sol inclemente, tostando feito bife na chapa. Por outro lado, colocar um biquíni só para dar um mergulho de cinco minutos e depois voltar a sentir calor é trabalho demais para quem está de férias.

Quem me salvou um pouco foram os livros. Depois de várias interrupções na leitura do Grande Sertão: Veredas, consegui chegar ao final. E confesso: não gostei. No início, me encantei demais com tudo, ficava boquiaberta mesmo, porque o homem escrevia que era um negócio, vou te contar. Entretanto, lá pela metade, quando a jagunçada sai caçando "os hermógenes", meu Deus, quase morria de sono cada vez que começavam as intermináveis descrições do sertão e as divagações sobre o pacto/não-pacto de Riobaldo com o demo. Do segredinho de Diadorim eu já sabia desde o início, então o saldo ficou negativo. Os entendedores podem me atirar pedras, não estou nem aí.

Para fugir da densidade, comecei a ler as quatrocentas e tantas páginas da paraliteratura (ou seria sub?) que ganhei de presente de Natal. É tão constrangedor quando alguém quer ser engraçado e não consegue, vocês não acham? Enfim, o saldo continuou negativo.

Aí chegou pelo correio este, que, por causa dela, furou imediatamente a minha lista de espera (eu devo ter mais de vinte livros novíssimos, lindos e cheirosos esperando para serem devorados). Ainda não terminei e, fora o fato de eu conseguir encontrar erros de revisão bem grosseiros para uma edição tão bonita, acho que meu saldo de férias finalmente vai ficar positivo. Eu conto para vocês depois.
Por hoje já chega, não?

5 comments:

Anonymous said...

Finalmente de volta! Senti falta de voce, de seus posts e comentarios. Nem sabia que tava de ferias, pensei que tinha enchido o saco de tudo.
Bom te-la de volta. Se aprochegue e vamos continuar o papo.
Eu nem comentei sobre Grande Sertão: Veredas no blog, fiquei muito decepcionada. Tive as mesmas impressoes que voce sobre o inicio e o final. Pelo menos, nao vou morrer sem ler tal classico.
Agora Simone e Sartre sao outro departamento. Muito material pra minha vida, meus pensamentos e minhas perguntas sem resposta. Adorei. Uma pena a sua edicao ser tao ruim. Teria te mandado a minha, em ingles, se soubesse.
Beijos!

Anonymous said...

Eu sou da opinião que alguns clássicos a gente tem que ler em um certo período da vida: muito cedo ou muito tarde desandam a receita. Li "Dom Casmurro" com 12 anos e achei chaaaaaatoooo...! Depois reli com vinte e poucos e achei... fantástico! Tornei a ler com quase 40... e achei médio.
Quanto à "Melancia"... Bom, eu trabalhei em livros dessa autora. Fuja de "Sushi", "Casório" e cia ltda. Quer rir, leia "Ser feliz", de Will Ferguson. Muito hom e muuuito inteligente: o que aconteceria com o mundo se alguém publicasse o livro de auto-ajuda definitivo - aquele que realmente ajudasse todo mundo a ser feliz.
Bjs

Anonymous said...

Eu também ignorava que você estava de férias... E entendo, de certo modo, as sensações que você descreveu.

Sobre o “Grande Sertão...”, nunca tive vontade de lê-lo, agora mesmo é que nem perco meu tempo. Nem todos os clássicos têm necessariamente de ser lidos, a menos que tenhamos mesmo muito interesse. Acho que minha cota de clássicos já foi cumprida.

Quanto ao “Tête-à-Tête”, de fato, também encontrei algumas falhas na revisão, mas o que mais me incomodou foram os erros sobre os títulos de alguns livros dela (sem contar que ora aparecem em francês, ora em português), mas creio que esses equívocos estão também no original em inglês, a tradutora apenas os traduziu. Atente para o mais grave deles, na página 372: "Beauvoir começara a trabalhar em A Idade da Razão, seu livro sobre a velhice(...)". A Idade da Razão foi escrito por Sartre!!! O livro de autoria de Beauvoir intitulou-se A Velhice (La Vieillesse, no original). Um erro escandaloso! Fora estes detalhes, que realmente não se justificam numa obra com um projeto gráfico tão bonito, o conteúdo é muito bom. Além de preencher algumas lacunas, e corrigir certos dados, é muito interessante ler/conhecer a vida do casal de forma paralela e intercalada. A compreensão do pensamento e modo de vida da dupla ganha mais força e sentido neste formato.

Lys said...

Carlita,também fiquei com esta sensação sobre o "Grande Sertão": pelo menos não vou morrer sem ler o clássico! Mas que foi decepcionante, lá isso foi.

Estou muito entusiasmada com o "Tête-à-Tête" e vou querer trocar impressões com você e com o Wagner, que sabe tudo da Beauvoir, quando eu terminar a leitura. Na verdade, a minha edição não é tão ruim, é até bem bonita, mas merecia uma revisão melhor.

Um beijo!

Lys said...

Suzana, quando você trabalha num livro, o que exatamente você faz?

Pode deixar, que os outros eu não vou ler. "Melancia" já me inspirava desconfiança, mas ganhei de presente e, como eu precisava de uma leitura leve...

Wagner, eu não avisei que sairia de férias porque tinha a intenção de atualizar o blog de casa. Não consegui, e isso até renderia um outro longo post.

O "Grande Sertão" agrada a muitos ainda hoje. Coincidentemente, quando eu comecei a ler, começou uma série de discussões na internet sobre o livro, e as pessoas elogiavam muito. Pode ser que você concorde com elas e não comigo, mas, para checar, só você lendo as mais de seiscentas páginas. Sinceramente, só com muita coragem. Não recomendo mesmo.

Não tenho competência para pegar os erros que você pega no "Tête-à-Tête". Notei, sim, o fato de os títulos dos livros aparecerem ora em português, ora em francês, mas imaginei que os em francês não tivessem sido publicados aqui (falta de conhecimento total!!!). O próximo passo muito ambicioso da minha existência é ler "O Segundo Sexo". Mas não é para já. Nas próximas férias, talvez.