Tuesday, December 26, 2006

Ho! Ho! Ho! Ho!

Ano que vem vou começar a comprar os presentes de Natal em outubro, que é para ver se dá tempo. Este ano eu podia deixar o povo sem presentes ou ir me irritar no shopping lotado em cima da hora – fiquei com a primeira opção, lógico. Só comprei mesmo o presente do meu amigo oculto da família porque não dava para chegar com as mãos abanando.

E tem mais: não vesti roupa nova. Às dez horas do dia 24, abri as portas do guarda-roupa e achei lá, meio escondido, um vestido que eu já tinha até esquecido que existia. Falei, “É você mesmo, querido. Vamos sair." Sandalhinhas, as rasas. Não fiz as unhas. No cabelo preso, gel. Maquiagem, só gloss. Mesmo assim, estava me sentindo ótima. Minha ceia foi na casa da minha avó (que morreu em junho, mas a casa será sempre dela).

No dia 25, teve almoço na minha casa. Eram 44 pessoas, imaginem. Me deu uma aflição incrível. Definitivamente não sou a melhor anfitriã, talvez precise admitir que nem gosto muito de visitas. O bom mesmo foi ver a piscina, normalmente às moscas, sendo aproveitada pelas crianças que brincaram na água a tarde inteira.

E, por falar em crianças, Natal com elas é outra coisa. Agradeço ao pequeno príncipe mais esta: ver a festa pelos olhinhos brilhantes dele. As luzinhas, a árvore, o sorriso - que deixava à mostra os dois únicos dentinhos - ao receber os presentes que ele logo preteria em favor dos papéis de embrulho rasgado.

Tem gente que fica melancólica no Natal. Eu não. Tenho minhas restrições, mas para mim é a melhor festa do calendário. O duro mesmo é agüentar Reveillon, mas, se não se pode fugir, que venha!

Friday, December 22, 2006

Thursday, December 21, 2006

Cansaço monetário

E os boatos no mercado financeiro, heim? Se metade do que eu ando ouvindo for verdade, vou eu mesma a Brasília estrangular o presidente.

Wednesday, December 20, 2006

Dias tórridos

Saí. Domingo foi um daqueles dias espetaculares que deixam a cidade absurdamente linda, especialmente se você a observa pelos vidros do carro refrigerado. Caí na real: nos últimos meses fui me enclausurando em casa, no trabalho ou em salas de aula, e minhas pequenas alegrias cotidianas ficaram perdidas. Era inverno ou quase.
Você pode dizer que este calor está infernal. Concordo. Mas e a atmosfera que invade toda a cidade - você não percebe que as pessoas estão mais felizes e mais abertas? Eu vejo assim. Eu sinto assim. Reflexo de dentro para fora? Ou de fora para dentro? Não sei, só sei que é amanhã que o verão vai chegar. Prepare-se.

Friday, December 15, 2006

Je suis désolé

Fiquei sabendo agora que o meu pequeno príncipe, no auge dos seus seis meses, faria sua estréia teatral como protagonista na peça da creche-escola no próximo domingo, mas recusou o papel de menino Jesus. Durante os ensaios, chorava a plenos pulmões e queria levantar-se da manjedoura a qualquer custo. Obviamente a diretora teve que procurar um ator mais colaborativo. Esse menino... tão pequeno e já dá chiliques de estrelismo. Acho que saiu à madrinha. Tsc, tsc, tsc!

Tuesday, December 05, 2006

Estivemos fora do ar por motivos de força maior

Final de semestre, parece que a vida pára, vira outra coisa - um amontoando de livros, cópias xerox e discussões inúteis. Até ontem tive provas, o que para mim nem é ruim. Ruim mesmo é ter que fazer trabalho de grupo. Meu Deus, eu tive que fazer SETE trabalhos de grupo nas últimas quatro semanas.

Vocês nem imaginam como isso é difícil para mim. Primeiro porque eu me acho a rainha da cocada preta e não tenho paciência para ouvir os outros. Arrogância, sim, eu sei. As pessoas são assim: “Antes de entregar, vou mostrar o meu trabalho ao meu namorado, que é mestrando [em outra área, acreditem], para ver o que ele acha.”, ou “Vamos mostrar o que fizemos até agora ao professor, para ver se está certo?”. E eu nunca peço a opinião de ninguém sobre os meus trabalhos. Tenho tanta confiança no meu taco que chego a ser prepotente. Mas eu tenho reforço de anos. Nunca pedi opinião de ninguém e sempre me dei muito bem, então acho que não podia ser diferente.

Aí me toco que tenho que dividir a liderança, que eu sempre pego porque ninguém está nem aí mesmo. Ou resolvo delegar tarefas. Peço que as pessoas redijam o texto final. Jesus, Maria, José! O que aparece é sempre incrível. Este mês tive um copiar/colar do conteúdo da Wikipédia sobre o tema de pesquisa. Fiquei estarrecida com a imaturidade do cidadão. Que ingenuidade achar que ninguém ia sacar que tipo de texto era aquele. Só de olhar, eu já sabia; imaginem o professor! E há os 98% dos alunos que escrevem horrivelmente. Não é só questão de não dominar a língua, é mais que isso. Os pensamentos não têm linearidade, são todos desconexos. É preciso ler cada parágrafo umas cinco vezes antes de entender o que o sujeito quer dizer. Quando se consegue, pode-se passar, então, a corrigir os erros de ortografia, pontuação, concordância...

E sempre rolam as discussões inúteis, as brigas de egos (sendo o meu o piorzinho, quase nem sobra espaço para mais ninguém), e aí o trabalho de grupo acaba virando um “cada um faz uma parte em casa e depois a gente junta tudo” – trabalho frankensteiniano, mal costurado, um fiasco. Vocês acham que alguém se importa? Tirando a nota mínima para ser aprovado, fica todo mundo feliz. Menos eu, claro.

Juro, estou com saudades de fazer faxina, ver novela idiota e ler revista de mulherzinha à beira da piscina. Gastei todos os meus neurônios. Não há como agüentar tanto trabalho em grupo!

Monday, November 20, 2006

Sigo

Pois bem, é feriado e eu trabalho. Ou melhor, venho ao trabalho, pois não há nada a fazer. O dia é quase morto, é só olhar pela janela a vida em câmera-lenta. O gramado do parque está verde da chuva da semana passada e há gente deitada nele, pegando o restinho do sol fraco. Horas vazias e letargia.

Eu penso na bagunça do armário, no fim do semestre, nas provas que se aproximam, nos trabalhos a entregar, nas entrevistas de estágio. Tudo muito. Chega a me dar uma sensação sufocamento. Eu não sei funcionar assim, caoticamente.

E tem a angústia. A faculdade para quê? O estresse para quê? À noite, tenho caminhado apressada pelo longo quarteirão que separa a universidade do estacionamento e me sentido, dramaticamente, muitíssimo infeliz. Depois fico feliz, só porque, dirigindo para a casa, posso ver as luzes da orla refletidas no mar que rodeia a ilha.

Tuesday, November 14, 2006

Chuva e blogs

Piove
Guarda come piove
Madonna, come piove!
Guarda come viene giú

Essa musiquinha fica martelando na minha cabeça 24/7, mas juro que não vou reclamar da chuva e do frio de novo.

A propósito, ando a procura de um bom blog em italiano. Alguém me indica um? Os que eu acho são de uma breguice visual infinita, gifs animados para todo lado. E minha leitura, assim como minha comida, precisa ter apelo visual.

Friday, November 10, 2006

Paralisia volitiva

Chove, daquele jeito peneirado que parece que não vai parar nunca. E eu só pensando por que é que não nasci rica.

Thursday, November 09, 2006

Eu tenho medo de loucos

Mas eu não estudo Psicologia?

Estudo, mas e daí?

Desde que comecei o curso, em 2004, de vez em quando marcam uma visita a um hospital psiquiátrico (hoje é necessário usar esses termos politicamente corretos, embora palavras como hospício ou manicômio reflitam muito mais a minha idéia acerca dessas instituições). Bem, que eu me lembre, minha turma já fez três dessas “visitas”, que não são obrigatórias; vai quem quer e pode.

Eu não posso. Eu trabalho durante o dia.

Meu argumento é esse. Até dou umas esperneadas, digo que os professores não levam em conta que os alunos que estudam à noite não o fazem por prazer mas por necessidade. Como é que eu vou faltar ao trabalho, assim, sem mais nem menos? Mas, no fundo, dou meu suspiro de alívio. Não é que eu tenha medo deles; é que eu não posso.

Veja que bonito: a psicóloga que tem medo de doidos. Vai terminar no RH a coitada. Logo ela que detesta tanto. Isso se resolver abrir mão do seu emprego atual, para aturar estágio que paga, no máximo, 10% do seu salário.

O futuro é negro, meu povo.

Tuesday, November 07, 2006

Na encruzilhada

A questão é: estou sofrendo auto-censura desde que me dei conta de que conhecidos poderiam chegar aqui e ler o que eu escrevo. Este blog ultra-secreto é um diário umbiguista e não me serviria para nada mais. Se eu não puder escrever sobre os meus vizinhos estranhos, as travessuras dos meus cachorros, os meus ataques de frescura, vou escrever sobre o quê? Tratados de filosofia? Análises políticas sobre os conflitos no Oriente Médio? Crônicas de futebol? Críticas musicais? Como, se eu não tenho interesse nem competência para isso?

Eu quero minha liberdade de expressão de volta!

Pimenta baiana

Depois de longo e tenebroso inverno, ela voltou! Uebaaaaaa!

Friday, October 27, 2006

As pedras do caminho

Eu tenho medo da mediocridade em mim, e não é um medinho magro, esquálido. Por isso fico fugindo. Tento ser brilhante, sem sucesso a maior parte do tempo, só conseguindo ficar no meio do caminho, o que às vezes me basta, contanto que a mediocridade não encoste em mim. Mas às vezes ela consegue, e me lambuza com a sua gosma fétida e ácida.

Se eu tivesse escolhido estudar, digamos, matemática, talvez pudesse enganar mais. Passaria noites em claro fazendo cálculos, que falam por si, e pronto. Mas não. Eu penso demais em subjetividades, investigo entrelinhas, tenho certezas rarefeitas e minhas idéias só se conectam em pedaços de papel. Quando chega aquela parte da música

você é tão articulada
quando fala não pede atenção

pode ter certeza de que infelizmente não estão cantando para mim.

Wednesday, October 25, 2006

E o dia começou mal

Arranhei terrivelmente meu carro. Isso me deixa num mau humor insuportável. Porque eu podia até botar a culpa em outra pessoa, mas ia estar mentindo. E nem tinha ninguém por perto, essa é que é a verdade. Foi desatenção e barbeiragem minha mesmo. É bom para baixar a minha bola. Eu sou tão metida a ser a melhor motorista do mundo. Falo mal dos outros e tudo mais. Agora vou passar o dia inteiro pensando no stress de levar o carro à oficina.

Para complicar, no escritório vi que vou ter que refazer um trabalho supostamente terminado ontem. Fiz errado também. Não acredito. Não existe nada mais difícil neste mundo do que eu ter que admitir que errei.

Aulas de humildade em plena quarta-feira. Eu mereço.

Monday, October 23, 2006

O Diabo Veste Prada


Não tem para mais ninguém. Só dá ela. Que atriz é essa Meryl Streep? Uma deusa. Faz um filme com meia dúzia de boas piadas, mil clichês e péssimos atores que parecem ter saído de Malhação ser digno de ser visto. Uma menção honrosa para a exceção Stanley Tucci, sempre engraçado na medida certa.

Friday, October 20, 2006

Post mulherzinha

Não é que eu não goste de me arrumar, eu tenho é preguiça. Se eu pudesse, seria uma daquelas mulheres que acordam uma hora e meia antes de sair pela manhã, fazem escova no cabelo, maquiagem completa, escolhem roupas lindas e combinativas, e saem envoltas em uma bela camada de hidratante pelo corpo todo. Mas eu não sou assim. Eu prefiro dormir. Acordo meia hora antes de sair, tomo um banho rápido, pego uma roupa qualquer (quase sempre básica e sem graça), a mesma bolsa que repito a semana inteira, passo um batom, um bom perfume e tchau.

Sair bem vestida só nos fins de semana e mesmo assim quando o programa requer uma certa produção. Caso contrário, eu vou estar com onipresentes jeans, uma camiseta e sandalhinhas rasteiras, talvez de vestido ou saia, se eu estiver inspirada. Sou evitativa de sapatos altos. Cremes, uso com a constância das estações do ano brasileiras. Maquiagem completa só para eventos importantíssimos (eu sou uma velhaca e nem sei passar delineador de forma decente, veja você, e sair por aí com os olhos borrados como fazem umas e outras...). Mas tenho meus mimos: minhas unhas estão sempre feitas. É para compensar o cabelo, que está sempre em estado lamentável.

Wednesday, October 18, 2006

"Minha pedra é ametista. Minha cor, o amarelo. Mas sou sincero, necessito ir urgente ao dentista."

Não sou supersticiosa. Passo por baixo de escada, acaricio gato preto, pronuncio a palavra azar, não dou bola para as sextas-feiras 13 etc. Eu acho explicações bastante terrenas para meus fracassos, não saio por aí empurrando a responsabilidade dos meus atos para forças ocultas.

No entanto, acontece um fenômeno muito bizarro com a minha mãe que eu não consigo explicar. Se ela sonha com dentes ou sapatos, alguém morre. É batata.

E hoje eu sonhei que todos os meus dentes superiores com exceção dos sisos haviam caído. Me bateu um medo horroroso de estar prevendo uma série catastrófica de mortes. Quantos dentes a gente tem em cima, mesmo? Pé de pato, mangalô três vezes!

Monday, October 16, 2006

Não suje o meu carpete

Estava no cabeleireiro sábado e comecei a folhear aquelas revistas. Achei uma entrevista com a Suzana Vieira sobre o novo marido, que é PM e tem uns 25 anos a menos que ela. Veja que desprendimento tem essa mulher. Eu não vou entrar na questão da escolha porque não me cabe ficar comentando a vida dos outros aqui. Cada um na sua é que é bacana, certo?

O que bateu forte para mim foi o carpete verde clarinho do quarto da Suzana. Que ela, em sua vidinha de mulher solteira há algum tempo, mantinha, com muito zelo, sempre limpinho, e só pisava nele descalça, para não sujar. E agora ela abre mão da limpezinha e da fofura do seu carpete em favor de amor, paixão, companheirismo, o diabo. O homem pode pisar em tudo com os sapatos que usa na rua.

Que símbolo esse carpete, heim? Imaginem uma vida toda encarpetada de um verde clarinho imaculado. Conseguem? Essa é a minha vida.

Wednesday, October 11, 2006

As maravilhas da vida sedentária

Estive dando uma olhada crítica por aqui e as coisas não estão boas. Uns vasinhos perto do calcanhar, como uma bacia hidrográfica marcada no mapa, só que em vermelho. Minha barriga de tanquinho não sei onde foi parar, mas juro que já tive uma. Vou andando e sinto um certo peso nas laterais, acima dos quadris, se alternando de um lado para o outro – serão pneuzinhos em formação? Sempre tive pavor de gordura localizada. As pernas não estão feias, embora o tônus muscular não seja mais o mesmo – flacidez. Celulites aparecem se comprimo com o polegar e o indicador a pele das coxas. A servir de consolo só um fato: ainda não tenho estrias.

Monday, October 09, 2006

Ironia do destino, tiro no pé ou burrice

Chame como quiser.
Depois de três anos escondida atrás do meu próprio clark-kentianismo, dei um passo em falso. Indiquei um dos meus blogs favoritos a uma pessoa muito íntima. Era para ela ler um post e esquecer, mas virou leitora diária. Hahaha! Agora é rezar, minha gente, para ela não sair clicando em links alheios e vir parar aqui. Por enquanto, vou censurando meus muitos assuntos compartilhados com ela, a espera de que se enjoe.

Thursday, October 05, 2006

Ainda sobre o acidente

A gente até tenta não se deixar levar pela onda de tomar nojo de americanos, mas eles se esforçam tanto!

Wednesday, October 04, 2006

Infantil

Eu conhecia uma das vítimas da queda do avião da Gol. Não éramos íntimos nem nada, mas a pessoa em questão era daquele tipo de gente simpática e agradável que fala com todo mundo. Portanto, é uma perda impactante, de fato. Fiquei muito impressionada. Esse tipo de coisa só acontece com desconhecidos, na minha cabeça.

Então, toda noite, antes de adormecer, eu fico pensando no terror - é quase como um medo de assombração, uma lance bem ridículo, como quando eu vi os esqueletos saindo da piscina em construção em Poltergeist e fiquei com medo de dormir por um tempão. Eu tinha 12 anos, era compreensível. Aos 36, fica meio patético.

Wednesday, September 20, 2006

Tuesday, September 19, 2006

Sem disfarces

Tive sonhos muito reveladores nas últimas duas noites. O conteúdo manifesto deles é tão óbvio que não requer nem interpretação. O inconsciente, às vezes, faz isto: me joga um balde de água fria no meio da cara, para me fazer acordar.

Monday, September 18, 2006

Existencial

Fui para a biblioteca da universidade estudar no sábado porque o volume de textos a ler se multiplica a cada semana e eu não estou dando conta. Entre outras coisas, por causa de preguiça mesmo. Dali parti para o supermercado, porque na geladeira só tinha água e manteiga, a total desolação visual. Tinha um casamento para ir, mas não fui. Completamente sem paciência para maquiagens e salto alto, preferi ficar em casa arrumando as compras na despensa (tem alguma coisa errada aqui, não tem, não?). Domingo me perdi zanzando pela casa feito peru bêbado em véspera de Natal. Meu quarto, uma zona de guerra. Fui arrumar. Me peguei lavando meu banheiro às 6 da tarde. Não tinha nem feito as unhas. Minha mãe me perguntou: “Já não chega, minha filha?” A sabedoria da experiência.

É isso. Acho que chega. A sensação é a de que estou submersa em um mar de tarefas estéreis, sem a menor necessidade. Uma pessoa sem noção de prioridades, foi isso que me tornei. Nem sei para que inventei de fazer outro curso na faculdade. Uma vontade de pular do trem . Tipo: pára tudo que eu quero descer. Bem agora.

Thursday, September 14, 2006

O que é que eu estou fazendo aqui?

Se eu estou numa festa e não me divirto, vem a pergunta. Se eu saio com um cara que se revela um mala, vem a pergunta. Se eu recebo visitas na minha casa que não vão embora nunca mais nesta vida e eu tenho que ficar "fazendo sala" até altas horas, vem a pergunta.

A pergunta traz desconforto, nos mais variados graus, porque sinaliza a minha “inadequação”.

Estabeleceu-se que ser gregário é ser saudável. Logo, ser chegadinho numa misantropia é ser inadequado, esquisito e antipático. Isso é tão cansativo, vou te contar. Eu nunca fui muito sociável, mas antes eu até tolerava mais os agrupamentos. Hoje, cansei. Existe uma intolerância e uma ranhetice preenchendo todo o meu pequeno ser.
E agora parece que fazer faculdade se resume em dividir pessoinhas em grupos para qualquer tarefa meia boca. Formem grupos para discutir o texto, para responder às questões, para pensar em possíveis soluções para isto e aquilo. Eu até tento, mas e a impaciência? Deus, ouvir abobrinhas e fingir que me interesso. Se bobear, fico pensando na novela das oito, no vestido que vi na vitrine, no sexo dos anjos, e aí, se me perguntam se eu concordo com alguma coisa, ferrou, porque não tenho idéia do que estavam falando. Aí, de novo, vem a pergunta:
O que é que eu estou fazendo aqui?

Tuesday, September 12, 2006

Assim-assim

Eu fico rezando para ter uma folga. Para aproveitar a vida e blá, blá, blá. Veio o feriadão e... quatro dias em casa (que não passaram disso: quatro dias em casa). Não me dá nem angústia. Eu acho que deveria. Em vez disso, uma serenidade, uma vontade de beijar os pés do bebê, arrumar as fotos no álbum, refazer o colar de contas arrebentado há meses, comer morango com creme. Coisas pequenas e leves. E, como sempre, adiando chatices.

No fim de semana anterior, tinha esboçado uma reação. Mais por obrigação com alguma convenção social implícita. Porque não é possível ser assim tão tartaruga-com-a-cabeça-enfiada-no-casco. Não pode. Então, um vestido bonito, um almoço bom, um cinema. A saia levantou na saída de ar do Metrô e eu vivi meu momento Marilyn, fazendo a alegria da rapaziada. Francamente, como são bobos alguns homens.

Convite para viajar a Paris e Barcelona. Ridículo como as pessoas só querem viajar quando eu decido juntar dinheiro. Elas vão, eu fico. Mas fica também uma vontade de ir, um leve apertinho no coração.

Para desencanar, agora, só um desejo: um corte de cabelo impossível. Pois que graça tem desejar um corte que vai ficar ótimo no seu tipo de cabelo? Francamente, como são bobas algumas mulheres.

Tuesday, August 29, 2006

Wednesday, August 23, 2006

A arma apontada

Eu criei um mundinho cor-de-rosa em que tudo é perfeito e bonito. Nesse mundo há riso de bebê, livros, flores, sol da manhã e salário certo no fim do mês. Tudo o que é feio e incômodo fica barrado por um campo-de-força invisível mas poderoso. Eu deixei de ler os jornais. Eu deixei de assistir aos telejornais. Eu passei a evitar pessoas que vampirizavam a minha vida. Simples.

De repente, a realidade rompe todas as barricadas e se mostra, nua e crua.

Quase. Por um triz.

Eu não agüento mais isso -- ter que ficar grata por ter tido "sorte". Sorte é viver num lugar em que a criminalidade é apenas uma noção difusa, indistinta, como quando a gente ouve falar em Física Quântica.

Aí vem alguém me perguntar sobre as eleições de outubro e eu percebo que tudo perdeu a prioridade: saúde, trabalho, moradia, educação. Só penso em uma coisa: segurança. Ok, ok, esse é um problema estrutural, que não se resolve do dia para a noite e depende de dez mil outras questões sociais. Isso não se discute, mas vivemos uma emergência, será que o Rio vai sangrar até morrer?

[Esse texto não foi escrito por inspiração dos blogs que escreveram sobre violência ontem, mas eu preferia que tivesse sido. Ele surgiu de uma experiência pessoal e traumática pela qual passei no último sábado. Eu nem ia escrever nada, porque, bem, que trivial já ficou tudo isso, não? Mas ficou indigesto, meio que subindo e descendo pelo esôfago, e eu resolvi vomitar.]

Friday, August 11, 2006

E eu nem dei chilique

Hoje fui almoçar com uns colegas de trabalho num pé-sujo na CADEG. Foi um desafio que me fizeram, para ver quanto tempo eu resistia sem dar um chilique.

O local é peculiar, para dizer o mínimo. Um mercado enorme, feio, onde se encontra de tudo: flores, bebidas, comidas variadas, embalagens e sabe-se lá mais o quê. Aí a gente vai andando por umas ruas cobertas por um telhado alto até chegar ao tal restaurante, que mais parece um boteco. O nome: O Poleiro do Galeto. Adequado. As mesas ficam amontoadas lá dentro e se espalham pela rua. São insuficientes para a enorme e diversificada freguesia (homens engravatados, rapazes com pinta de modelo, gente suada, aposentados, patricinhas etc.). Tem sempre fila, me dizem, e enorme. Quem está sentado não tem pressa de ir embora. Os atendentes (porque não dá para chamar de garçons) são todos grossos, não te dão a mínima. Quando finalmente você consegue se fazer ouvir naquela balbúrdia, eles te olham com uma cara de raiva e anotam os pedidos. Não adianta tentar pedir com detalhes. "Coca-Cola?" "Ok". Quando alguém murmura "light", o cara já deu as costas. A gente ria. O mau humor deles faz parte do charme, parece. Não diga que está com pressa porque já perdeu meia hora esperando pela mesa vaga. Eles te dizem, sem a menor, cerimônia, "Quer rapidez, que vá ao MacDonald’s!" Os talheres... Minha faca veio com uma crosta indecifrável. Tive que esfregar no guardanapo para limpar. Aí meus colegas me disseram, rindo: "A única diferença é que aqui a gente sabe que é sujo, os outros restaurantes escondem". Sei lá, por algum motivo tolo, eu prefiro ser enganada.

Saldo: maus tratos, risadas, comida caseira, muito boa e barata. Mas não volto mais, não. Uma vez é mais que suficiente para uma experiência tão bizarra.

Wednesday, August 09, 2006

Cada louco com a sua mania

Por achar que era tolice continuar indo ao consultório da minha psicanalista falar sobre trivialidades, dei alta a ela ;) há quase três meses. Não resolvi os problemas mais crônicos, mas o grande problema que me levou até ela já não existe para mim. Acabou o incômodo, acabou a minha paciência, pulei fora.

O tal ainda tenta, em vão, falar comigo pelo telefone. Coitado, né? Tenho até pena. É cada maluco neste mundo! Vou acabar tendo que dar o telefone da minha psicanalista para ele.

Friday, August 04, 2006

As estações

Definitivamente acabou para mim essa história de gostar de inverno. Credo! Não sei como um dia pôde ter sido minha estação do ano favorita. Frio é ótimo na terra dos outros (por "terra" entenda-se país, estado ou até uma cidade bem ali do lado, na serra); a gente vai lá e passa uns dias usando todos os casacões, cachecóis e luvas possíveis, toma vinho ao pé da lareira e depois volta para casa e vive sem se encolher. Eu nem posso descrever a felicidade que me deu ver o sol pela janela esta manhã. É só disso que eu gosto agora: sol. Amanhã, um sábado de céu azul glorioso (espero!), acordo e vou caminhar na beira da praia em que não se pode entrar, mas que me deixa feliz só de estar lá para eu poder olhar.

Tuesday, August 01, 2006

Incoerências da vida social

Sabe aqueles eventos para os quais alguém só nos convida por educação e aos quais nós só comparecemos por educação? Ai, que desperdício de tempo e energia! Se elas não nos querem convidar e nós não queremos ir...

Wednesday, July 26, 2006

Inverno

Hoje pela manhã, vindo para o trabalho, percebi que as amendoeiras estão perdendo todas as folhas. As ruas do meu bairro estão cobertas por elas, e a Comlurb manda garis para varrer e caminhões para recolher. Tem gente que acha que aquele espesso tapete de tons marrom-avermelhados é sujeira. Eu considero quase poesia.

Tuesday, July 18, 2006

A pergunta que eu gostaria de fazer é a seguinte: se você é assalariado, é possível amar seu trabalho eternamente?

Pergunto porque desconheço o que seja satisfação profissional. Posso até ficar feliz temporariamente fazendo algo, mas passar anos a fio na mesma área me entedia tão profundamente que acabo me deixando levar, em certos momentos, por aquela tal “raiva no trabalho” de que falaram na TV semana passada. Para mim, é como levar adiante um casamento desgastado. Daí que, de tempos em tempos, eu preciso mudar não só de empresa, mas de profissão. Não há aí qualquer tipo de ambição (que eu sei ser bem medíocre nesse quesito). O que me deixa louca são as mesmas rotinas e procedimentos reproduzidos ad nauseam.

Os chamados “profissionais de carreira” são como estruturas intrincadas que jamais entenderei. Não entender, entretanto, não é criticar; muito pelo contrário, é ficar bestificada. E invejar. Porque toda essa angústia que me consome não deve lhes fazer nem cócegas nas solas dos pés, e isso deve ser o paraíso na Terra. Ou não?

Friday, July 14, 2006

Explicação

Não escrevo porque gosto. No quesito "gostar", fico com a leitura, que se presta muito mais à minha personalidade de quem apenas contempla e não faz.

Não escrevo porque acho que tenho algo a dizer aos outros. Daqui nada serve a ninguém senão a mim mesma.

Antes, escrever tinha um propósito: desintoxicar. Hoje tem outro: disciplinar a vontade.

Pois há que se ter determinado tipo de disciplina que produza algo, ainda que algo inútil. Assim, vou montando a minha colcha de retalhos, não para me proteger do frio mas para guardá-la num armário já cheio delas. Há dias em que não costuro, e não faz falta, mas ver a colcha incompleta incomoda e, amanhã, então, adiciono outro quadrado colorido ­– ou cinza, porque há dias que...

Thursday, July 13, 2006

Moro num país tropical, blá, blá, blá

Onde se compra um vestido com mangas nesta cidade? Tenho que ir a um casamento sábado e saí para comprar uma roupa adequada às noites frescas de inverno. (Obs.: eu usaria qualquer um que tenho no guarda-roupa se os meus parcos três vestidos mais sofisticados não fossem todos bem “alto verão”.) Não achei nada. As vitrines dos shoppings anunciam uma tal liquidação de inverno, mas a gente só vê vestidos de alcinhas ou tomara-que-caia. Das duas uma: ou saio com vestido velho envolta num cobertor como se ele fosse xale ou danço a noite inteira, para não sentir os 17ºC. O quê? Você não sente frio com essa temperatura? Sorte a sua, baby.

Monday, July 10, 2006

É bom "ficar pra tia"

Com exceção de um breve período de alguns meses em que o tal relógio biológico andou tiquetaqueando por aqui, eu nunca tive aquele desejo incontrolável de ser mãe. Não que o pensamento me causasse repulsa; simplesmente não fazia parte dos meus planos. Nunca fui aquele tipo de mulher que se enternece com qualquer carinha de bebê que aparece na TV, olha vitrines de lojas infantis no shopping e pede para pegar no colo filhos que não são seus. Pior dos pecados ainda: não acho que todos os bebês são bonitos; chego a distinguir os feios e verbalizar isso (não para os pais, claro, que não sou mal-educada).

Mas eis que.

Ó, meu Deus, nasceu o meu sobrinho e eu me tornei um ser totalmente sem noção! Eu saio de perto dele e sinto saudades, parece até que o filho é meu. Cada vez que saio, compro com uma roupinha nova para ele. Eu abraço, beijo, afago, aperto. Ele me retribui com sorrisinhos descoordenados.

É claro que é o bebê mais lindo do mundo. Não ouse me contradizer. E fofo. E adorável. E simpático. Em suma, o menino é um príncipe.

Eu só preciso me lembrar que sou a tia, não a mãe. Juro, estou embasbacada. É muito amor!

Thursday, July 06, 2006

Recomecemos

Porque eu não agüentava mais aquele template e as limitações do Blogger. Me davam desânimo. Agora, respirando ares de casa nova, vou tentando retomar o hábito de escrever.

Ainda não há links, nem contadores, nem coisa alguma que requeira qualquer tipo de computer geek-ices, para evitar estragar a página. Se tomar coragem, vou mexendo aos poucos; se não, fica tudo como está.
Os velhos amigos são bem-vindos. Os novos também.