Monday, April 02, 2007

A volta dos mortos-vivos

(Vou avisando que é longo. Desista agora.)

Tal como um ateu que chama por Deus em momentos de perigo ou desespero, eu não acredito em horóscopo, mas leio com freqüência. Aí, sei lá, dia desses estava escrito assim:

Amores antigos podem dar sinal de vida. Mesmo que você não queira a proximidade destas pessoas, procure ouvir o que elas têm a lhe dizer, pois podem ser coisas que servirão para sua evolução enquanto ser humano.

Pensei com meus botões, Cruz credo! Se tem uma coisa a que eu tenho horror é encontro com ex. Por mim, ex-namorados se dissolveriam em poeira cósmica junto com o fim do relacionamento. Nem preciso dizer que não fico amiga de ex sob hipótese alguma. O que acontece é que, quando eu chuto, não quero ouvir a ladainha “ó-como-estou-sofrendo”; e quando sou chutada, não quero ficar pagando o mico absurdo de implorar uma volta. Você pode até dizer que eu sou mal-resolvida. Eu não nego; só serei zen e descolada quando passar desta para melhor – se houver uma melhor.

Mas chega de digressões. No exato dia em que eu li a tal previsão, comecei a receber chamadas do meu último ex no celular. Esse cabra é aquele mesmo que rendia muito assunto no meu blog antigo. Pintou e bordou com a minha paciência até o dia em que eu me enchi e o mandei catar coquinhos. Mas ele se recusa, né? E fica ligando para o meu trabalho. E eu não atendo. E eu troquei o número do meu celular só para ele não poder me atazanar o juízo. Isso já faz séculos. E agora, o que acontece? Algum amigo da onça deu o número do meu celular a ele. Pelo jeito da última mensagem de texto que ele passou, o amigo da onça também lhe dá relatórios a respeito da minha vida. Ele escreveu: Já faz quatro anos e eu continuo querendo você. Acho que deveria considerar isso, pois até hoje não encontrou o tal homem perfeito.

Quem disse que eu estou procurando homem perfeito? Já faz quatro anos que eu não estou procurando homem nenhum. Essa é a questão. (Quatro anos, heim? Não tinha me dado conta. Virei praticamente uma freira! Ha, ha, ha!)

Bem, esse foi o Caso Comprobatório de Horóscopo Vagabundo nº1. Agora vamos ao nº2, que foi fortíssimo.

Sábado compareci a um evento sobre Psicoterapia Analítica na faculdade. Na hora do intervalo, saí para almoçar com dois colegas de classe num restaurante ali perto. Quando me sentei e tirei os óculos escuros, perdi totalmente o rebolado. Bem à minha frente, numa mesa um pouco à direita, dei de cara com “o” ex, o melhor de todos, o que ficou de modelo para todos os outros que vieram depois e que (se você é espertinho, adivinhou) me chutou! Jesus, Maria, José! Não sabia o que fazer e achei melhor fingir que não vi que ele ficou o tempo todo me olhando. Se ele viesse falar comigo, acho que eu ia gaguejar e falar idiotices. Assim, arriscando arranjar mais um torcicolo, passei o tempo todo evitando olhar para aquela direção e pensando: Por que vim almoçar aqui? Por que não vesti uma roupa bonita hoje? Por que meu cabelo tinha que estar tão horroroso? Por que esses colegas que me acompanham estão tão longe de serem dois Adônis? Por quê? Por quê?

E ele? Nem gordo, nem careca, nem grisalho. Que droga! Não que eu ainda seja apaixonada por ele. Naaaaaa, bestialidade tem limites, afinal já faz quase dez anos. Mas eu queria estar linda e bem acompanhada naquele momento.

Agora estou até com medo de sair à rua. Não que eu tenha tido tantos namorados assim, mas, do jeito que a tal previsão tem se mostrado eficiente, vai que encontro os outros, né?

6 comments:

Menina Dedê said...

Ixi, esse último parágrafo me lembra pedaços de e-mails que recebi. Eu achei que tinha contado pra você. Talvez não. Diz se não, eu te conto por e-mail.

Anonymous said...

E em coincidência?, você acredita?
Em todo caso, as previsões dos horóscopos não são eternas: leia o desta semana (ou não os leia nunca mais!) que o vaticínio já deve ser outro.
A propósito: você se sente mais evoluída enquanto ser humano depois dos episódios aqui relatados? Tomara que sim.

Lys said...

Ione, você não contou, não. E agora vai ter que contar, porque se não contar, eu vou ficar me contorcendo de curiosidade aqui!

Wagner, eu acredito em coincidência bem mais que em horóscopo; este último acaba sendo uma brincadeira apenas, porque quase nunca as previsões se confirmam.

"Mais evoluída enquanto ser humano"? (Logo se vê que o redator da tal coluna não tem nenhuma noção. Eu teria vergonha de escrever essa frasezinha tão lugar-comum e vazia de real significado.) A única coisa que pode evoluir em mim a partir desses encontros é a vontade de não interagir nunca mais com as tais pessoas. O passado deve ficar no passado.

Anonymous said...

Ao invés de temer sair à rua, poderia deixar de ler horóscopos. Que tal?

Lys said...

Marcos, os homens são tão pragmáticos, não? As mulheres preferem fazer draminhas! :)

i said...

Que coincidência, eu também aviso antes dos posts mais longos! Se bem que são todos longos...