Thursday, July 26, 2007

"A gente quer inteiro, e não pela metade"

Em tempos de Pan, muito se fala sobre a importância do esporte para a inclusão social e a conquista da cidadania de crianças pobres. Já tive grandes discussões sobre isso com uma pessoa diretamente ligada à política pública de esportes. Não há dúvida de que é muito melhor que uma criança esteja numa Vila Olímpica praticando esportes do que no meio da rua aprendendo a cometer delitos; não obstante, é óbvio que a prioridade não deve ser essa.


Uma justificativa? Dou um exemplo: ontem duas atletas adolescentes provenientes de comunidades carentes deram entrevista ao vivo em um telejornal. As meninas eram medalhistas, mas não sabiam articular os pensamentos mais simples, ficavam perdidas e repetiam as mesmas frases vazias duas, três vezes. Fiquei constrangida por elas.


Isso é dar cidadania? Passados os anos de glória no esporte, o que vai lhes sobrar? Que lugar vão ocupar na escala social e profissional? Vão viver os resto da vida com um salário mínimo por mês, comendo mal, sem acesso à saúde, tendo dez filhos, que, por sua vez, poderão ou não ter a mesma "sorte" e possuir um talento natural para uma passagem gloriosa - porém breve - pelo esporte?


Que ninguém venha me falar de esporte como se fosse o caminho para dar às pessoas uma vida melhor. Por favor, dêem-lhes escola de qualidade e, com isso, o que mais lhes convier - esporte, dança, arte... O povo agradece.


Monday, July 23, 2007

A batata frita e o tomatinho-cereja

Ontem, no restaurante, uma das minhas primas* deu batata frita ao pequeno príncipe. Ele tem um ano e dois meses e nunca havia comido fritura de qualquer espécie. O que me deixou passada é que ela nem consultou a mãe da criança. Foi dando aquilo a ele e achando muito divertido que ele largasse o tomatinho-cereja, que ele adora, para comer aquela gordurada. E não foi umazinha, não. Foi entregando a ele vários palitinhos fritos, um atrás do outro.

Não é que eu ache que ele vai passar a vida inteira só comendo coisa saudável. Não sou Poliana. Mas acho que se pode esperar que o menino manifeste o desejo de comer porcaria; ninguém precisa incentivar. No parquinho, por exemplo, ele gosta de "comer" seixos e areia. O que é que se vai fazer, além de vigiar? Nada, né. É só dizer Não come, que isso faz mal. Ele vai olhar para o lado e perceber que ninguém come pedra e terra. Mas batata frita? Como convencer que aquilo não presta?

*Uma daquelas minhas primas de que já falei aqui, que dizem ter "tendência para engordar", mas que só comem porcaria.

Friday, July 20, 2007

Férias sem grandes momentos

Coisa boa é poder dormir até as oito, sem o maldito despertador tocando Bach às seis e meia da madrugada. Férias nem precisam ser as mais excitantes do planeta; só de não ter que ir a ou pensar em trabalho, minhas idéias ficam leves e soltas.

Estou um pouco decepcionada. Entre as minhas queridas amigas blogueiras, não existe uma carioca que me indique um spa urbano! Assim fica difícil exercitar meu lado mulherzinha fútil, que eu nem sei se existe.

Descobri que sou uma grande mentirosa. Não lhes disse que não estava nem aí para o PAN? Mentira! Abstraindo o fato de que odeio a idéia de ser no Rio, não perco nenhuma trasmissão pela TV e devo confessar um certo arrependimento por não ter comprado ingressos para algumas competições.

Devo ir a São Paulo na próxima semana. As pessoas me olham horrizadas quando digo isso. Não entendem. Ir a São Paulo nas férias! Ô, gente, preciso colocar minha vidinha cultural em dia: o Museu da Língua Portuguesa, essas pequenas delícias sem glamour. E de ônibus, por razões óbvias. Nunca viajei de ônibus, acreditam? Devo ser um ET.

E por que as minhas férias têm sido, invariavelmente, sem grandes viagens? O plano imobiliário, lembram-se? A poupancinha cresce a olhos vistos. E aí me pego querendo um imóvel cada vez mais caro, o que me faz me perguntar se desejo realmente morar sozinha ou se estou insegura e prefiro ficar adiando. Uma mulher véia com essas nóias! Isso é uma ver-go-nha!

Thursday, July 12, 2007

A música do PAN

Quem organizou essa cerimônia de abertura do Pan? Ouvi hoje no rádio que serão o Arnaldo Antunes e uma tal de Ana Costa (who the hell...?) os cantores responsáveis pelo show de amanhã. Eu adoro o Arnaldo Antunes, mas convenhamos: ele não me parece ter perfil para abertura de Jogos Pan-americanos. Não seria mais adequado algum artista mais alegre e empolgante? E essa obscura aparição feminina?

Sinceramente, essa eu quero ver.

Wednesday, July 11, 2007

Declinar de meme é muito feio

Eu sei, Ana, e não ignorei ou esqueci, mas estava naquele período imediatamente anterior às provas finais, ou seja, estava doida demais para falar de livros. Pois bem, agora vai, embora eu bem saiba que ninguém está mais interessado.

Lembram daquele livro usado e nojento que eu comprei? Era A Hora de Cinqüenta Minutos, de Robert Lindner, escrito em 1952. Consegui ler. Nele o autor, que era psicanalista, narra cinco casos que passaram por seu consultório, preservando, obviamente, a identidade dos clientes. Para quem gosta de psicanálise é interessantíssimo. Talvez até para quem não gosta. A narrativa se divide em cinco capítulos, um dedicado a cada caso, e flui como uma obra de ficção, com ganchos de suspense até o fechamento de cada história. Particularmente, me serviu como um pequeno teste. Ia diagnosticando os sintomas e, ao final, checava se minhas habilidades estão sendo aprimoradas na universidade. De fato, estão. Rorrô!

Divergindo do discurso usual de profissionais da área, Lindner expõe com franqueza as suas inseguranças, as suas insatisfações e os seus erros em cada caso. Só isso já vale a leitura. O único inconveniente é aquele que já contei aqui: não existem exemplares novos para comprar. Se você gosta de livro velho – ou seja, poeira e mofo, na melhor das hipóteses, ou respingo de poça de lama, como no caso do exemplar que eu consegui num sebo –, recomendo a leitura. Se não, nem precisa fazer o sacrifício, porque o livro, apesar de ser de leitura agradável, não é nenhuma obra-prima.

Minhas neuroses e minhas frescuras

Contando os dias, as horas, os minutos e os segundos até chegarem as benditas dezoito horas de sexta-feira. Férias, até que enfim. Duas semaninhas de refresco mental. Ando a mil, meu estresse deve estar batendo níveis altíssimos e, quando estou assim, todas as contrariedades adquirem proporções irreais e exageradas. Esse PAN, por exemplo. Eu fico presa em engarrafamentos enquanto uma faixa do trânsito fica livre, reservada para veículos autorizados. Não acho graça nenhuma, não estou nem aí para esse evento. Cidade maquiada, polícia maquiada, poeira jogada para baixo do tapete. Tanta prioridade deixada de lado para isso. Dá até nojo.

Para deixar meu mau humor de lado, eu só quero um dia inteiro de relaxamento num desses spas urbanos, com massagens, banhos disso e daquilo – alguém me recomenda algum?

Monday, July 09, 2007

"Qual a paz que eu não quero conservar para tentar ser feliz?"

Perguntinha boba, mas se eu paro para pensar...

Comecei a semana sabendo que ia ter que fazer um monte de coisas insuportáveis. Tudo por conta de agradar. Agradar família, agradar amigo, agradar empresa. Eu fico muito frustrada. Não, mentira, frustrada não transmite “a” idéia. Eu fico é de saco cheio. Se vocês soubessem quantas concessões eu faço pelos outros. Enfrento furadas que não faço nem por mim mesma. Só que vou fazendo, em geral, sem me dar conta. Mas, às vezes, calha de acumular um monte situações absurdas em poucos dias. Que raiva! Fico pensando se as pessoas têm idéia do que impingem às outras com seus pequenos caprichos. Aposto que nem se tocam. Eu tomo um cuidado extremo para não ser espaçosa e não exigir que compartilhem as minhas visões de mundo e as minhas chatices. E não é que eu faça o gênero boazinha, muito longe disso. É só uma questão de respeito, quase de ética. Mas você pensa que alguém reconhece? Que nada! Minha fama é de antipática e egoísta. A percepção do outro sobre mim ainda me choca. Grandes sacrifícios para mim, pequeníssimos para o outro. E vive-versa, talvez. A única solução é adotar a tática do E daí?

Ah, se eu pudesse!

Friday, July 06, 2007

Estrelas mudam de lugar

Vou dizer-lhes algo que, nem em meus pensamentos mais delirantes, imaginei ser possível:

FUI A UM SHOW DO ROBERTO CARLOS.

Fui porque era um evento beneficente. E o mais surpreendente disso tudo é que eu sabia as letras das músicas e cantei junto com a platéia que lotava o Teatro Municipal anteontem, o que prova que o aprendizado por osmose é uma realidade. O repertório incluía apenas aqueles clássicos que meu pai sempre ouve (e toca ao violão!) lá em casa. Para minha sorte ficaram de fora as canções recentes (homenagem à mulher gorda, de óculos, baixinha...) e as “maria-ritices” chatíssimas que ele tem gravado.

O resumo? Roberto Carlos é simpático e doce, não é feio como na TV e não desafina nunca, pasmem. Ele parou com a mania de não cantar certas músicas e não pronunciar determinadas palavras por superstição; disse que a terapia está dando um jeito no TOC (vejam, hereges, como a Psicologia funciona!). Seu show, apesar da boa estrutura, foi perfeito porém frio. No meio do palco, tinha um baita piano de cauda – branco e brega. Ao final do espetáculo, ele passou muito mais tempo do que necessário jogando zilhões de rosas, beijadas uma a uma, para as senhoras da high society que se descabelavam querendo pegá-las.