Eu acordo de manhã e pulo da cama, porque não acho produtivo ficar adiando o momento doloroso do abandono dos cobertores. Mas não adianta nada, não “ligo”. Sigo para o banheiro feito um zumbi e perco o olhar no fundo do espelho, encostada à parede, como se meu corpo não me pertencesse. Banho, de manhã, nem pensar, me contento com apenas um, antes de dormir. Imagine sair com o cabelo molhado neste frio ou, pior, acordar mais cedo para usar o secador!
A garagem lá em casa é no andar de baixo. Você vai descendo as escadas, e a temperatura vai baixando a cada degrau. No verão, isso é maravilhoso, mas agora a sensação é de estar entrando nas profundezas de uma masmorra medieval.
O termômetro da prefeitura perto de casa mostra invariáveis 15°C quando eu passo por ele de manhã e à noite.
As roupas quentes não dão vazão, simplesmente porque, depois de lavadas, não secam por nada. Vou ter que comprar uma secadora de roupas em pleno Rio de Janeiro? Era só o que faltava! Mais um aparelho consumindo a energia que o planeta pode usar de outras formas? Tento ser ecologicamente correta e me recuso (por enquanto), afinal, se chegamos a estas mudanças loucas no clima, foi justamente porque não pensamos do dia de amanhã e desperdiçamos, usamos errado e poluímos tudo o que era possível.
E a chuva? Um amigo inglês já me chamou atenção para o fato de que cariocas não sabem usar guarda-chuvas. Segundo ele, a gente perde o senso de equilíbrio e de espaço, enfia as varetas nos olhos dos outros e não sabe o que fazer depois com o bicho fechado e molhado. Não sei se isso é uma particularidade nossa, mas que é chato carregar aquilo para cima e para baixo, não há dúvida.
Não se pode negociar? Eu proponho o seguinte:
1) Que os dias sejam de sol;
2) À noite, pode até esfriar bastante;
3) Chuva, só de madrugada.