Saturday, July 25, 2009

Fio da Meada

Vocês conhecem o blog da Silmara Franco? Não? Pois deveriam. É uma delícia.

Comecem por aqui.

Wednesday, July 15, 2009

Cética e cínica

Eu achei que era hora de virar adultinha e, para mim, isso significava parar com a teimosia de me lançar em estudos enlouquecidos dessas coisas que eu amo, mas que, profissionalmente, não servem para muita coi$a. Do que estou falando? De Literatura, Línguas, Psicologia e Psicanálise, meus amores intelectuais mais profundos.


Então eu fiz o seguinte: me matriculei num MBA em Gestão de Recursos Humanos. Pensei: Ah, pelo menos tem uns vestígios psi, não pode ser tão ruim. Ledo engano. Ligadinha às palavras como sou, já começo a me arrepiar com o nome MBA em Gestão. O jargão do RH é insuportável (para mim - que fique claro); tem uns modismos horrorosos. Hoje uma organização possui colaboradores (mencionar a palavra funcionário é pecado a ser expurgado da alma com autoflagelação e cento e cinquenta ave-marias). Não há uma frase proferida sem pelo menos uma destas pérolas: gestão, estratégico, capital humano, retenção de talentos, endomarketing, empreendedorismo, agregar valor e core business.


Eu não consigo entrar no clima. Fico ali, de corpo presente, mas com a cabeça em Deleuze.


As pessoas lá são muito empolgadas. Vocês não fazem nem ideia. É quase religioso o sentimento que une os alunos e os professores.


Alguns dogmas da religião em questão:



  • Carreira longa em uma só empresa, somente se você estiver num processo de ascensão meteórica;


  • Você deve ser pró-ativo;


  • Você precisa ser um líder;


  • Você deve ser ambicioso;


  • Você deve gostar de trabalhar em equipe;


  • Você deve gostar de trabalhar sob pressão;


  • (Insira aqui a sua regra; você certamente conhece uma.)




Sim, eu sei, são as contingências de nossos dias que ditam todas as regras e é preciso adaptar-se. Mas essa “formatação” de gente me incomoda sobremaneira. Eu ouço tantas reclamações a respeito dos modelos ideais que tentam nos enfiar goela abaixo (exemplinho mais comum: a mulher precisa ser magra e gostar de cor-de-rosa). Porém me admira que ninguém reclame de toda a maluquice do mundo corporativo. Estarei sozinha nesta? Se bem que a grande verdade é que estou cheia de resistências ao que ouço nas aulas, mas não compro briga. Apenas critico mentalmente o discurso alienado dessa gente. Fico me perguntando se acreditam mesmo nas pseudoverdades que repetem como mantras ou se estão apenas fingindo para sobreviver.


Quanto a mim, só tenho uma certeza: ano que vem, entro na especialização em Psicanálise. Se eu consigo terminar este MBA em Gestão de RH? Bem, essa já é outra conversa.