Monday, April 30, 2007

Rotina

Quando eu tenho muito o que fazer, me dá uma lerdeza tão grande que eu fico vendo o tempo passar e não faço absolutamente nada. Parece que estou sendo engolida por uma onda gigantesca e não esboço reação.

Quarta-feira começam as minhas provas. Eu tenho tanta leitura acumulada a fazer que é melhor começar a rezar, porque ler tudo será impossível, já sei. Aí, seguindo minha tradicional forma de não correr atrás do prejuízo, joguei tudo para o alto e fui ao cinema ontem. Eu não ia ao cinema há séculos, e justamente quando não podia, fui.

O mês de maio vai ser cheíssimo. Vou fazer uma cirurgia dia 25. Coisa boba, nem vou precisar ficar de repouso depois, mas é um estresse pensar em ficar um dia presa no hospital e, pior, pensar no jejum antes da cirurgia. Odeio jejum, passo mal, tenho vertigens. Argh!

Não tenho postado porque minha conexão no trabalho anda péssima. Nem responder aos comentários tenho conseguido. Pela mesma razão, não tenho comentado em blogs alheios.

Antes de dormir, leio Sedaris e me entedio. Definitely overrated.

Sonho acordada com viagens ao exterior. Férias de tudo eu queria. Ser só eu e minhas demandas. Pitadinhas de egoísmo. Por que não?

Hoje é quase feriado, mas vim trabalhar. O trânsito antecipava o tipo de dia que teríamos aqui: vazio.

Wednesday, April 18, 2007

Novelo

No emaranhado das relações, é estranho como os laços estabelecidos vão se deformando, uns se transformando em nós, outros se desfazendo em fios soltos, desamarrados. Trinta e sete anos tecendo e destecendo, e ainda cometo os maiores erros: amarro o que não quero e desato o que não devia.

Tuesday, April 17, 2007

Correspondência eletrônica

Sabe que ainda estou pensando o que vi de diferente em você ontem? Bonita não é porque você está sempre bonita. É claro que tem dias que você está mais, e ontem era um dia desses. Cabelo não foi porque já tinha reparado neles no outro dia. A roupa achei até que estava num estilo diferente, mas era em você e não na roupa. Bem, a qualquer hora pode dar o click e aí eu te falo.
Beijos,
R.
E aí eu pergunto: por que, em nome de Deus, as pessoas que me dizem esse tipo de coisa nunca são aquelas de quem eu desejo ouvir, heim?

Thursday, April 12, 2007

Salão de Beleza

se ela se penteia eu não sei
se ela usa maquilagem eu não sei
se aquela mulher é vaidosa eu não sei
eu não sei eu não sei

vem você me dizer que vai a um salão de beleza
fazer permanente massagem rinsagem
reflexo e outras cositas más

baby você não precisa de um salão de beleza
há menos beleza num salão de beleza
a sua beleza é bem maior do que
qualquer beleza de qualquer salão

mundo velho e decadente mundo
ainda não aprendeu a admirar a beleza
a verdadeira beleza
a beleza que põe mesa
e que deita na cama
a beleza de quem come
a beleza de quem ama
a beleza do erro, do engano, da imperfeição

belle belle como linda evangelista
linda linda como isabelle adjani

veja como vem,
veja bem,
veja como vem,
vai, vai, vem,
veja bem, como vai, vem

ai, bela morena, ai, morena bela
quem foi que te fez tão formosa?
és mais linda que a rosa debruçada na janela


Zeca brinca com as palavras. Zeca é poético. Zeca é sério. Zeca é irônico. Zeca é cômico. Tenho todos os CDs e sou capaz de ouvir cada um dezenas de vezes. Estou com um no CD player do carro há mais de um mês. Minha irmã me pergunta, quando eu chego em casa cantando: Mas você ainda está ouvindo isso? Fazer o quê? Não resisto. Viciei.

E essa musiquinha vem em homenagem ao meu novo corte de cabelo. Denominei “Cogumelo de Bomba Atômica”, para você ter uma idéia. Destruição total. Nada dá jeito nesta desgraça. Quero mil presilhas ou a máquina zero.

Wednesday, April 11, 2007

Sim e não

Escrevi, no post anterior, que não estou procurando homem nenhum. Reafirmo. Na verdade, eu até estou evitando encontrar. Fico pensando em quanta energia emocional teria que despender em um novo relacionamento amoroso e me dá muita preguiça. Arf, não quero! E, sim, eu sei que isso não é lá muito saudável, especialmente quando fico em casa num sábado à noite assistindo a Pretty Woman, no Supercine, pela milésima vez.

Mas. Existe este moço da faculdade. Nós somos de grupos de amigos diferentes, com pouca interseção. Nas últimas semanas, ele tem feito um esforço para sentar perto de mim, eu percebo. E, olhe, é preciso muita coragem para fazer isso. Porque eu praticamente tenho uma plaquinha na testa, onde se lê: NÃO SE APROXIME, ESTRANHO. Ele puxa assunto, pede para copiar minhas anotações de aula. Espera que eu guarde meu material, para sairmos juntos da sala, ou apressa o passo, para me alcançar no corredor. Confesso que estou achando tudo isso extremamente fofo. E reparei que ele tem uns olhos azuis muito límpidos e um sorriso de comercial de pasta de dentes.

É precisamente aí que entram em ação todos os meus mecanismos de defesa. Começo a procurar defeitos. O primeiro foi pensar que ele devia ser muito novo, apesar de não parecer, afinal quase todo mundo na universidade é quase adolescente. Mas não, eu vi fios brancos no meio dos cabelos claros e na barba por fazer. Então, embora não saiba quantos anos ele tem, posso supor que não é nenhum bebê. E assim seguimos. Um dia, quero; no outro, não. Fujo, fico; recuso, aceito; sou graciosa, não dou papo. Enfim, sou uma doida.

Monday, April 02, 2007

A volta dos mortos-vivos

(Vou avisando que é longo. Desista agora.)

Tal como um ateu que chama por Deus em momentos de perigo ou desespero, eu não acredito em horóscopo, mas leio com freqüência. Aí, sei lá, dia desses estava escrito assim:

Amores antigos podem dar sinal de vida. Mesmo que você não queira a proximidade destas pessoas, procure ouvir o que elas têm a lhe dizer, pois podem ser coisas que servirão para sua evolução enquanto ser humano.

Pensei com meus botões, Cruz credo! Se tem uma coisa a que eu tenho horror é encontro com ex. Por mim, ex-namorados se dissolveriam em poeira cósmica junto com o fim do relacionamento. Nem preciso dizer que não fico amiga de ex sob hipótese alguma. O que acontece é que, quando eu chuto, não quero ouvir a ladainha “ó-como-estou-sofrendo”; e quando sou chutada, não quero ficar pagando o mico absurdo de implorar uma volta. Você pode até dizer que eu sou mal-resolvida. Eu não nego; só serei zen e descolada quando passar desta para melhor – se houver uma melhor.

Mas chega de digressões. No exato dia em que eu li a tal previsão, comecei a receber chamadas do meu último ex no celular. Esse cabra é aquele mesmo que rendia muito assunto no meu blog antigo. Pintou e bordou com a minha paciência até o dia em que eu me enchi e o mandei catar coquinhos. Mas ele se recusa, né? E fica ligando para o meu trabalho. E eu não atendo. E eu troquei o número do meu celular só para ele não poder me atazanar o juízo. Isso já faz séculos. E agora, o que acontece? Algum amigo da onça deu o número do meu celular a ele. Pelo jeito da última mensagem de texto que ele passou, o amigo da onça também lhe dá relatórios a respeito da minha vida. Ele escreveu: Já faz quatro anos e eu continuo querendo você. Acho que deveria considerar isso, pois até hoje não encontrou o tal homem perfeito.

Quem disse que eu estou procurando homem perfeito? Já faz quatro anos que eu não estou procurando homem nenhum. Essa é a questão. (Quatro anos, heim? Não tinha me dado conta. Virei praticamente uma freira! Ha, ha, ha!)

Bem, esse foi o Caso Comprobatório de Horóscopo Vagabundo nº1. Agora vamos ao nº2, que foi fortíssimo.

Sábado compareci a um evento sobre Psicoterapia Analítica na faculdade. Na hora do intervalo, saí para almoçar com dois colegas de classe num restaurante ali perto. Quando me sentei e tirei os óculos escuros, perdi totalmente o rebolado. Bem à minha frente, numa mesa um pouco à direita, dei de cara com “o” ex, o melhor de todos, o que ficou de modelo para todos os outros que vieram depois e que (se você é espertinho, adivinhou) me chutou! Jesus, Maria, José! Não sabia o que fazer e achei melhor fingir que não vi que ele ficou o tempo todo me olhando. Se ele viesse falar comigo, acho que eu ia gaguejar e falar idiotices. Assim, arriscando arranjar mais um torcicolo, passei o tempo todo evitando olhar para aquela direção e pensando: Por que vim almoçar aqui? Por que não vesti uma roupa bonita hoje? Por que meu cabelo tinha que estar tão horroroso? Por que esses colegas que me acompanham estão tão longe de serem dois Adônis? Por quê? Por quê?

E ele? Nem gordo, nem careca, nem grisalho. Que droga! Não que eu ainda seja apaixonada por ele. Naaaaaa, bestialidade tem limites, afinal já faz quase dez anos. Mas eu queria estar linda e bem acompanhada naquele momento.

Agora estou até com medo de sair à rua. Não que eu tenha tido tantos namorados assim, mas, do jeito que a tal previsão tem se mostrado eficiente, vai que encontro os outros, né?