Tuesday, August 29, 2006

Wednesday, August 23, 2006

A arma apontada

Eu criei um mundinho cor-de-rosa em que tudo é perfeito e bonito. Nesse mundo há riso de bebê, livros, flores, sol da manhã e salário certo no fim do mês. Tudo o que é feio e incômodo fica barrado por um campo-de-força invisível mas poderoso. Eu deixei de ler os jornais. Eu deixei de assistir aos telejornais. Eu passei a evitar pessoas que vampirizavam a minha vida. Simples.

De repente, a realidade rompe todas as barricadas e se mostra, nua e crua.

Quase. Por um triz.

Eu não agüento mais isso -- ter que ficar grata por ter tido "sorte". Sorte é viver num lugar em que a criminalidade é apenas uma noção difusa, indistinta, como quando a gente ouve falar em Física Quântica.

Aí vem alguém me perguntar sobre as eleições de outubro e eu percebo que tudo perdeu a prioridade: saúde, trabalho, moradia, educação. Só penso em uma coisa: segurança. Ok, ok, esse é um problema estrutural, que não se resolve do dia para a noite e depende de dez mil outras questões sociais. Isso não se discute, mas vivemos uma emergência, será que o Rio vai sangrar até morrer?

[Esse texto não foi escrito por inspiração dos blogs que escreveram sobre violência ontem, mas eu preferia que tivesse sido. Ele surgiu de uma experiência pessoal e traumática pela qual passei no último sábado. Eu nem ia escrever nada, porque, bem, que trivial já ficou tudo isso, não? Mas ficou indigesto, meio que subindo e descendo pelo esôfago, e eu resolvi vomitar.]

Friday, August 11, 2006

E eu nem dei chilique

Hoje fui almoçar com uns colegas de trabalho num pé-sujo na CADEG. Foi um desafio que me fizeram, para ver quanto tempo eu resistia sem dar um chilique.

O local é peculiar, para dizer o mínimo. Um mercado enorme, feio, onde se encontra de tudo: flores, bebidas, comidas variadas, embalagens e sabe-se lá mais o quê. Aí a gente vai andando por umas ruas cobertas por um telhado alto até chegar ao tal restaurante, que mais parece um boteco. O nome: O Poleiro do Galeto. Adequado. As mesas ficam amontoadas lá dentro e se espalham pela rua. São insuficientes para a enorme e diversificada freguesia (homens engravatados, rapazes com pinta de modelo, gente suada, aposentados, patricinhas etc.). Tem sempre fila, me dizem, e enorme. Quem está sentado não tem pressa de ir embora. Os atendentes (porque não dá para chamar de garçons) são todos grossos, não te dão a mínima. Quando finalmente você consegue se fazer ouvir naquela balbúrdia, eles te olham com uma cara de raiva e anotam os pedidos. Não adianta tentar pedir com detalhes. "Coca-Cola?" "Ok". Quando alguém murmura "light", o cara já deu as costas. A gente ria. O mau humor deles faz parte do charme, parece. Não diga que está com pressa porque já perdeu meia hora esperando pela mesa vaga. Eles te dizem, sem a menor, cerimônia, "Quer rapidez, que vá ao MacDonald’s!" Os talheres... Minha faca veio com uma crosta indecifrável. Tive que esfregar no guardanapo para limpar. Aí meus colegas me disseram, rindo: "A única diferença é que aqui a gente sabe que é sujo, os outros restaurantes escondem". Sei lá, por algum motivo tolo, eu prefiro ser enganada.

Saldo: maus tratos, risadas, comida caseira, muito boa e barata. Mas não volto mais, não. Uma vez é mais que suficiente para uma experiência tão bizarra.

Wednesday, August 09, 2006

Cada louco com a sua mania

Por achar que era tolice continuar indo ao consultório da minha psicanalista falar sobre trivialidades, dei alta a ela ;) há quase três meses. Não resolvi os problemas mais crônicos, mas o grande problema que me levou até ela já não existe para mim. Acabou o incômodo, acabou a minha paciência, pulei fora.

O tal ainda tenta, em vão, falar comigo pelo telefone. Coitado, né? Tenho até pena. É cada maluco neste mundo! Vou acabar tendo que dar o telefone da minha psicanalista para ele.

Friday, August 04, 2006

As estações

Definitivamente acabou para mim essa história de gostar de inverno. Credo! Não sei como um dia pôde ter sido minha estação do ano favorita. Frio é ótimo na terra dos outros (por "terra" entenda-se país, estado ou até uma cidade bem ali do lado, na serra); a gente vai lá e passa uns dias usando todos os casacões, cachecóis e luvas possíveis, toma vinho ao pé da lareira e depois volta para casa e vive sem se encolher. Eu nem posso descrever a felicidade que me deu ver o sol pela janela esta manhã. É só disso que eu gosto agora: sol. Amanhã, um sábado de céu azul glorioso (espero!), acordo e vou caminhar na beira da praia em que não se pode entrar, mas que me deixa feliz só de estar lá para eu poder olhar.

Tuesday, August 01, 2006

Incoerências da vida social

Sabe aqueles eventos para os quais alguém só nos convida por educação e aos quais nós só comparecemos por educação? Ai, que desperdício de tempo e energia! Se elas não nos querem convidar e nós não queremos ir...